"Há tantos anos me perdi de vista que hesito em procurar me encontrar. Estou com medo de começar. Existir me dá às vezes tal taquicardia. Eu tenho tanto medo de ser eu. Sou tão perigoso. Me deram um nome e me alienaram de mim." - Clarice Lispector.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Profissão: uma casa de muitas portas



Por Ignácio de Loyola Brandão

Aos 17 anos o filho ouviu a pergunta dos pais, que se mostravam ansiosos:
– Então, já sabe o que vai fazer?
– Estou pensando.
– Os vestibulares estão aí, ninguém espera.
– Ainda não decidi.
– Quando vai decidir?
– Eu também me pergunto. Tem tanta coisa!
– O que vai te dar segurança?
– Não sei. Alguma coisa na vida dá segurança?
– Como vai sustentar a família?
– Que família? Nem tenho namorada, pai!
A mãe estava ouvindo, quieta. Entrou na conversa:
– Pois está na hora de ter uma. Para endireitar essa vida!
O filho voltou-se para um, para outro, chutou o chão com a ponta do tênis.
– Quer dizer que são duas decisões? Profissão e namorada?
– Com a tua idade eu já trabalhava, assim me aposentei cedo.
A mãe voltou à carga:
– Nunca pensou lá na frente em uma boa aposentadoria, uma vida calma, filhos e netos...?
– Mãe, eu tenho 17 anos... Aposentadoria? Nem acabei o colegial, nem fiz vestibular, nem tenho emprego.
– Mas já é um homem! E homem tem de saber o que fazer! Como vai ganhar dinheiro?
– Pensam que é fácil? No tempo de vocês, já que falam tanto desse tempo, que nem sei qual é, era mais fácil. Tinha quatro ou cinco coisas. Banco, comércio, medicina, engenharia, advocacia, farmácia, funcionalismo público.
– Coisas que permitiam uma carreira, meu filho.
– Vocês pensaram no sonho?
– Que sonho?
– No meu sonho.
– E qual é o seu sonho? Vamos! Diga! Quanto dinheiro vai ganhar com o seu sonho?
– Não sei, ainda não estou dentro dele.
– Sonhos são bons para sonhar. Mas o que seria da vida real, do pé no chão, do dia-a-dia?
– Tem tanta coisa. Pensei em ser designer, gosto de desenho, de fotografia, de cinema. Ou ser paisagista. Pensaram? Desenhar jardins com plantas? Ou artista plástico! Biólogo é uma profissão legal, saber sobre a vida de tudo. Químico é outra que posso curtir numa boa. Ou físico. Meu sonho mesmo era ser astronauta...
– Estamos vendo, vive no mundo da Lua! Desça na Terra, menino!
– Menino? Olha a minha idade.
– Pé no chão.
– Numa boa posso ser arquiteto, médico. Cirurgião de cabeça. Um transplantador de corações e órgãos. Verdade. Pensaram? Ou construir pré­dios enormes. E gastronomia? Ser chef. Querem coisa melhor? Ou perfumista. Comandante de avião.
– Avião? Avião nem pensar, pelo amor de Deus.
– Encadernador, enólogo. Adoro vinho.
– Pé no chão, meu filho. Está flutuando!
– Está todo mundo no ar, pai! Pensa que não converso com ninguém? Pensa que é fácil nesse mundo de hoje? Informática. É um caminho. Mas em que especialização? E dentro dessa especialização, em que campo? Nesse campo, em que segmento? Há milhares de nichos, profissões, ofícios, trabalhos, mas qual será o meu? Gosto de tudo.
– Quem gosta de tudo não gosta de nada. Igual a jogador que joga em todas as posições e acaba não jogando em nenhuma.
– Outro dia, entrei numa faculdade, fui a departamento por departamento, olhando, investigando. Esse mundo de hoje é louco, pai. Tem milhões de profissões e milhões de desempregados. Uma coisa é legal, não dá dinheiro. Outra dá dinheiro, não é legal. Olha, vocês esqueceram dessa minha idade, ou talvez naquele tempo fosse diferente. Agora, é uma angústia desgraçada. E se eu errar? Perco quantos anos?
Os pais até que concordavam, procuravam uma forma de ajudar, não sabiam. O mundo atual é cheio de armadilhas, todo mundo fala em empreendedorismo, em investimento, em mil cursos, phd, mba, estágios, bolsas, pedem experiência, mas como ter experiência antes do primeiro emprego?
– Você tem a vida toda pela frente...
– Todo mundo diz isso, é clichê, gente. O mundo está apressado, veloz, apressam a gente para escolher, decidir, encaminhar, resolver. Como solucionar a vida nessa idade?
A mãe decidiu:
– Quer saber? Siga o sonho.
– E se eu errar?
– Somente você fará essa cobrança. Os sonhos se reciclam. Escolha, desiluda-se, canse, mude, a vida é sua, ninguém pode te cobrar.
– Siga o sonho. Obrigado, mãe. Agora é só encontrar esse sonho.

Ignácio de Loyola Brandão, 72 anos, é escritor e jornalista, tem 32 livros publicados. Recebeu este ano o Prêmio Jabuti de Melhor Ficção de 2008 com o livro O Menino Que Vendia Palavras.

Retirado do Site da Unesp.

~~

Eu coloquei esse texto porque realmente essa época, pra um estudante, é muito conflitante. É ruim, mas também é boa. É ruim porque você tem que tomar decisões que formarão a sua vida dali pra frente. É boa porque você poderá conhecer pessoas, e conviver com pessoas diferentes é uma oportunidade pra crescer, pra amadurecer.

Também é ruim porque você não verá mais muuitos de seus melhores amigos, seus colegas... Eu mesma tenho certeza de que vou sentir MUUITA falta de meus amigos. São poucos, mas todos MUITO especiais pra mim. Mas é bom porque você vai conhecer amigos que você vai levar pra vida inteira também. Você vai poder ter o controle das suas atitudes, gerando independência (o que eu acho ótimo!).

Enfim... o texto se explica nele mesmo... Vale a pena ler!

~*~

Música:

"Química" - Legião Urbana.

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quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Não faz absolutamente nenhum sentido


O quê?
Esse blog. As coisas que eu escrevo nele.
A Literatura.
A minha vida limitada e totalmente vazia.
Estudar pouco e achar que vou passar no vestibular que eu quero.
Dores de cabeça que ando sentindo. Dores nas costas que não param
O meu tamanho, ambos os lateral e vertical. E o que esse tamanha me limita fazer.
As minha ideias. O meu idealismo tosco. A vida de uma pessoa que acredita que anarquia não é loucura (leia-se a minha vida).
Apaixonar-se por alguém que você não conhece simplesmente por achar que pode dar certo. Apaixonar-se por seu melhor amigo acreditando, no fundo, que poderia dar certo. Descobrir que isso nunca dará certo, por conta das experiências já vividas.
Não trabalhar quando todas as situações te mostram que não há outra saída pras coisas melhorarem. Ser uma inútil em casa. Ser uma inútil fora de casa.
Ser alguém que quer chamar atenção fazendo um blog. Ser alguém que sabe disso e, ainda assim, continua com essa palhaçada. Alguém que, apesar disso, acredita que merece um mínimo de atenção.
Ser vazia de realizações concretas e palpáveis. Ser um desastre de ser humano. E, apesar disso, achar que merece um mínimo de mérito pelo o que já fez e está fazendo.
Receber broncas e ficar completamente calada quando às vezes tenho razão, simplesmente porque acredito que quem está me dando bronca tem sempre razão.
Ser assim, alguém que chora enquanto escreve essas merdas que ninguém quer ler, alguém que implora para os outros lerem essas merdas que eu escrevo, e achar que alguém deve ler.
Ter feito esse blog pra me expressar. Que porra de "expressão" é essa que ninguém se interessa em ver? Acho que esse blog e eu somos como "O grito", o quadro... Quem vê e entende, espanta-se, e até fica indignado. Quem vê e não entende, fala que é uma merda, que não presta pra nada e não é inovador em absolutamente nada.
~*~
Música:
"Lucky" - versão do Glee.

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segunda-feira, 11 de outubro de 2010

"Aonde está você agora além de aqui, dentro de mim?"


É com muita tristeza que se perde alguém como Renato Russo. Alguém que foi um ícone de uma nação, de uma época, e que até hoje se faz atualíssimo.
É impressionante ver como os jovens sempre ouvem suas músicas.
É impressionante como esse cara barbudo, magrelo e que usava óculos consegue se fazer presente mesmo depois de morto.
É impressionante saber que em sua vida ele teve tantos erros quanto qualquer outra pessoa e, mesmo assim, foi diferente de todas elas.
Esse era um cara que tentava a todo custo buscar a paz entre as pessoas através da música. Alguns podem dizer que ele não era isso, que era alguém que ia só atrás de dinheiro. Peraí: a gente não vive de vento, poxa! E se ele ganhou mais ou menos, isso não quer dizer que ele era um cara extremamente ambicioso: só quer dizer que as pessoas reconheciam e gostavam de seu trabalho.
Passou de punk, no Aborto Elétrico, a uma mistura de coisas na Legião Urbana.
Suas letras são as mais lindas que eu já vi no rock brasileiro. Não existem bandas nem cantores atuais que conseguem colocar o dia a dia e o fantástico nas músicas como ele fazia. Não existem mais bandas que falam dos problemas do país com tanta paixão e conteúdo nas letras. Enfim... Não há mais Renato há 14 anos...
Renato dizia que a Legião somos nós. E não é mentira. Nós perpetuamos a Legião. Apesar de Renato estar morto fisicamente, ele está vivo em suas canções, até hoje entoadas e conhecidas pelas pessoas de diversos segmentos sociais. Isso nenhuma bandinha ou cantorzinho de pop vai conseguir. Renato e Legião são eternos.

Love in the afternoon - Legião Urbana

É tão estranho,
os bons morrem jovens
Assim parece ser
quando me lembro de você
Que acabou indo embora cedo demais

Quando eu lhe dizia:
- Me apaixono todo dia, é sempre a pessoa errada
Você sorriu e disse:
- Eu gosto de você também

Só que você foi embora cedo demais

Eu continuo aqui, com meu trabalho e meus amigos
E me lembro de você em dias assim
Um dia de chuva, um dia de sol
E o que sinto não sei dizer

Vai com os anjos, vai em paz
Era assim todo dia de tarde
A descoberta da amizade
até a próxima vez

É tão estranho, os bons morrem antes
me lembro de você
E de tanta gente que se foi cedo demais
E cedo demais eu aprendi a ter tudo o que sempre quis
Só não aprendi a perder
E eu que tive um começo feliz
Do resto não sei dizer

Lembro das tardes que passamos juntos
Não é sempre, mas eu sei que você está bem agora
Só que este ano o verão acabou cedo demais

~*~
Música:
"Love in the afternoon" - Legião Urbana.
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sábado, 9 de outubro de 2010

Era de Aquário(?)


Eu gosto quando assisto a filmes que me levam a pesquisar algumas coisas. Um filme que me fez fazer isso foi o musical "Hair", a que assisti ontem. Ele começa com a música "Aquarius", que fala sobre uma Nova Era cheia de paz e harmonia. Daí, eu me lembrei que, no ano passado, eu ouvi sobre o suposto começo a Era de Aquário num jornal da Globo, e que o musical também estava sendo reapresentado. Liguei uma coisa à outra e fui pra internet pesquisar. Encontrei muitos blogs falando que o começo da Era de Aquário foi em 14/02/2009, e até uma chamada do "Jornal Hoje" falando sobre isso. Encontrei também um artigo muuito interessante sobre o suposto começo dessa Era de Aquário que vale a pela ler. Vou postá-lo aí abaixo.

O que nos espera na Era de Aquário? - por Vanessa Tuleski

Há algum tempo, você vem ouvindo falar a respeito da Era de Aquário. Provavelmente, escutou opiniões que, a partir desta Era, seremos mais evoluídos, que a humanidade entrará em uma nova fase, que acabarão todos os problemas que nos assolam. Seria isto verdade? Além disso, quando, afinal, começaria a tão falada Era de Aquário? Vamos tentar responder a estas duas perguntas através deste artigo.

Antes, é necessário entender o que é uma ‘era’. O pólo celeste (extensão imaginária do pólo terrestre) executa um movimento circular, de leste para oeste, que leva 25.794 anos (este número ainda não é um consenso entre os estudiosos) para voltar ao ponto de onde saiu. À medida que vai descrevendo este movimento, há um deslocamento em relação à constelação que marca o equinócio de primavera no Hemisfério Norte. Assim, há cerca de 2 mil anos, era a constelação de Áries que inaugurava o equinócio de primavera. Agora é Peixes que está lá. Breve, será Aquário (note que o zodíaco é percorrido de trás para a frente). Astronomicamente, portanto, a primavera no Hemisfério Norte está se iniciando com a constelação de Peixes, embora astrologicamente o signo que represente a primavera continue a ser Áries.

Dividindo-se 25.794 anos por doze signos, podemos dizer que cada era astrológica duraria cerca de 2.149 anos. Agora vamos tentar responder à pergunta: a Era de Aquário já começou, e, se não, quanto tempo faltaria para ela começar? A resposta para esta pergunta é controversa. Há estudiosos que dizem que a Era de Aquário já começou, e outros acreditam que ela se iniciará daqui a cerca de 150 anos. Entretanto, embora haja discussões a respeito de quando a Era de Aquário irá de fato começar, a maioria dos astrólogos crê que estejamos em uma fase de transição entre a Era de Peixes e a de Aquário, ou seja, que ainda estejamos vivemos de acordo com todos os padrões da Era de Peixes, mas já mesclados com os desafios da próxima Era.

É necessário entender um pouco o que é cada Era para que possamos falar da do que significa esta transição, e para onde estamos indo. Cada Era costuma ter símbolos que atingem a máxima importância durante a sua vigência. Assim, por exemplo, durante a Era de Touro (aproximadamente, entre 4000 e 2000 anos antes de Cristo), o touro foi adorado no Egito, representado como o boi Ápis e como o culto ao minotauro (criatura com cabeça de Touro e corpo humano). Na Era seguinte, Áries, o cordeiro surgiu em inúmeras manifestações religiosas (como Amon-Rá, o deus com cabeça de cordeiro, ou o mito do velocino de ouro). E, na Era de Peixes, naturalmente o peixe se tornou o animal sagrado. Cada Era tem também seus ‘avatares’, que seriam figuras históricas que concentrariam todas as características que elas carregam. Moisés, por exemplo, que guiou o povo judeu através do deserto teria sido um avatar da Era de Áries, bem como Cristo teria sido um avatar da Era de Peixes.

Cada Era traz à tona todas as questões do signo que o representa, mas também do signo que se opõe a ele. Assim, por exemplo, a Era de Touro conheceu o represamento (Touro, signo do elemento Terra, relacionado a forma) das águas do Nilo (Escorpião, signo do elemento Água), e sabe-se que este fato teve fundamental importância no desenvolvimento da civilização egípcia. Foi nesta Era que surgiram as religiões ligadas à terra, e que o ser humano começou a se estabelecer, deixando de ser nômade. Conflitos de dominância e poder (típicos do eixo Touro e Escorpião) estiveram presentes durante toda esta Era.

A Era de Áries foi caracterizada por guerras, disputas e pelo surgimento de deuses mais masculinos (Áries é um signo de polaridade masculina), em oposição às deusas que predominavam até então. Nesta época também se desenvolveram a cultura e as artes (Libra, signo oposto a Áries), e surgiu o budismo, uma religião tipicamente libriana, por pregar o ‘caminho do meio’.

A Era de Peixes desloca a ação do Oriente para a Europa. O Cristianismo nasce junto com a Era de Peixes, e grande parte dos fatos estão relacionados com ele: desde a perseguição dos primeiros cristãos até o momento em que a Igreja Católica angaria um poder incalculável. Durante a Idade Média, a Igreja controla toda e qualquer forma de conhecimento, e seus preceitos exercem uma inflexível influência sobre as pessoas. É o auge da força da crença (Peixes), em que a ameaça não é tomar algo real da pessoa ou exercer outra forma de punição, e sim, condená-la a queimar eternamente no fogo do inferno (ativando a natureza impressionável inerente à Peixes). Porém, são os interesses mundanos (reflexos de Virgem, signo da Terra, de natureza material) que movem a venda de perdões (as chamadas ‘indulgências’) e outras benesses celestiais.

A Era de Peixes também conhece as cruzadas religiosas, as ‘guerras santas’, e, igualmente, o trabalho dos jesuítas na difusão da sua religião. Ela é marcada por por um intenso fervor religioso. A filosofia da Era de Peixes (ainda que muitas vezes aplicada de maneira inteiramente distorcida) é a necessidade de redenção, salvação, superação da matéria e devoção a um ideal. O signo de Virgem, oposto a Peixes, também se manifesta nesta Era, quando traz o desenvolvimento da ciência, bem como os subprodutos disso, como o racionalismo excessivo, o ceticismo e o descarte de qualquer coisa que não possa ser comprovada e classificada nos moldes conhecidos. Virgem é também o signo ligado ao corpo, ao orgânico, ao animal, ao vegetal, e nunca a Terra, como um grande organismo, é tão ameaçada, ao mesmo tempo em que nunca o ser humano vai tão longe em sua capacidade de desvendar meticulosamente (Virgem) como cada parte do mundo funciona. Virgem é também o signo da manipulação e intervenção, e a Era de Peixes traz uma possibilidade sem precedentes de modificação do ambiente físico. De muitas maneiras, utilizamos mal esta possibilidade, dizimando espécies animais e vegetais, poluindo o planeta, e também criando um estilo de vida desvinculado de ritmos naturais, em que o endeusamento do trabalho (um dos temas de Virgem) e da vida produtiva em excessivo (gerando doenças físicas e psicológicas). Por outro lado, desenvolvemos remédios e soluções inovadores. Criamos inventos que nos abriram possibilidades. Hoje nós temos inúmeros confortos e facilidades graças ao interesse virginiano por soluções práticas.

A era Peixes-Virgem contém uma profunda necessidade de significado, mesmo que, em muitos momentos, isto fique obliterado pela manipulação religiosa (Peixes) ou pelo materialismo (Virgem). Vivemos, no final da Era de Peixes, o chamado para a Era de Aquário. O desenvolvimento científico se acelera. Começam a surgir religiões e sistemas de crença mais baseados na força da mente e na crença de que também podemos ser deuses (um modo aquariano de pensar). Há um forte desejo por resolvermos nossas diferenças e sermos mais tolerantes e abertos, e por nos libertarmos de velhos condicionamentos que nos acompanham há milênios. Por outro lado, pensadores começam a imaginar um futuro feito por uma racionalidade tão fria que poderia simbolizar a ‘sombra’ de Aquário. Um mundo em que um sistema social fosse tão rigidamente organizado em prol do conjunto que chips fossem implantados no cérebro das pessoas, anulando suas vontades individuais e criatividade (as quais são simbolizadas pelo signo de Leão, oposto a Aquário). Um mundo com tanto poder de intervenção que praticamente poderíamos ‘fabricar’ um ser humano ao nosso gosto (com todos os perigos que isto embute). Um mundo em que a tecnologia (Aquário) fosse tão dominante que isto pudesse abrir espaço para terríveis formas de controle e centralização (reflexo de Leão), com a sufocação da liberdade (uma das necessidades aquarianas mais fortes).

Na realidade, em todas as Eras houve dificuldade em se equilibrar os dois signos envolvidos. A humanidade passou boa parte da Era de Peixes tendo sua capacidade de análise e discernimento (simbolizada por Virgem) bloqueada por crenças impostas de cima para baixo. Quando, a partir do século XIX, o espírito científico começou a se desenvolver, daí foi Virgem que assumiu a supremacia. Descartou-se tudo o que não se podia explicar e iniciou-se um período de excessiva racionalidade e fragmentação, que resultou no surgimento em massa de doenças emocionais decorrentes da falta de conexão com algo maior (por que você acha que tantas pessoas se drogam no mundo?).

A Era de Aquário não é, portanto, uma Era que automaticamente vai nos conduzir a fraternidade, a um entendimento extraordinário de quem somos e do que o mundo é, a uma nova forma de organização, a uma descoberta sem precedentes de nosso poder mental e a um uso adequado dele. E por que não? Porque Aquário não é um signo melhor do que Peixes, assim como Peixes não é melhor do que Áries, assim como nenhum signo é melhor do que outro. Em cada Era, nós temos escolhas a fazer. A tecnologia, principal promessa da Era de Aquário, tanto pode nos levar a uma separação do nosso lado instintivo, tornando tudo excessivamente lógico e frio, como pode ser tão aperfeiçoada que nos leve a sanar os problemas que até agora criamos com o uso dela. A penetrante mente aquariana tanto pode nos levar a finalmente rompermos com antigos comportamentos danosos quanto nos trazer agitação, alienação e rebelião, sintomas já presentes atualmente. A Era de Aquário será, sem dúvida, caracterizada por uma grande mudança em relação às outras Eras, porque isto faz parte do símbolo de Aquário. Mas isto nos levará a um mundo realmente melhor? Afinal, quem tem razão: os intelectuais que prevêem um mundo frio, excessivamente racional e controlado, ou os místicos que falam em uma era de amor?

O potencial da Era de Aquário seria para que nos víssemos como uma só raça (já que até agora nosso passatempo foi nos aniquilarmos mutuamente), e, a partir disso, nos uníssemos, sendo capazes, por esta razão, de avanços inimagináveis, e de criarmos um novo sistema de vida, que rompesse integralmente com o que de negativo vivemos até aqui. Uma Era de Aquário realmente avançada também não descartaria que viéssemos a realizar um intercâmbio com outros habitantes de outros planetas, seja através do desenvolvimento de tecnologias revolucionárias, seja porque finalmente estaríamos prontos para isto. Uma Era de Aquário ‘bem feita’ teria de ter presente os atributos positivos de Leão, como a valorização do indivíduo e da criatividade, do coração e do calor, para que a sociedade não se tornasse por demais fria, mecânica e lógica. O bem estar do indivíduo (Leão) teria de ser levado em consideração tanto quanto o bem estar do grupo (Aquário), pois um não pode predominar sobre o outro sem que isto gere desequilíbrios. Só que a Era de Aquário não vai trazer tudo isto ‘de bandeja’. Nós teremos de conquistar esta ‘promessa’ positiva que está embutida nela. Estaremos sendo chamados a escolher tanto quanto fomos em outras Eras. Por exemplo, a Era de Peixes poderia ter sido muito especial em termos de compaixão, abrandamento de nossas características mais destrutivas e agressivas, e não o foi. Ao invés disso, apareceu o lado negativo de Peixes, como a cegueira, a incompreensão e a histeria (as Santas Inquisições, por exemplo).

Você talvez se pergunte o que pode fazer, como indivíduo, para que possamos realmente começar uma nova Era, um novo tempo, transpondo para o coletivo o potencial que já existe em indivíduos mais evoluídos, mas que nunca existiu em escala maior. Simplesmente desenvolva o lado positivo de Aquário. Olhe mais para o coletivo. Interesse-se mais por ele. Não veja a sua vida como limitada apenas a sua casa e às pessoas próximas. Enquanto houver pessoas miseráveis e escravizadas no mundo mesmo o mais lindo recanto com a maior harmonia poderá ser atingido. Aquário quer dizer que todos somos um povo só. A hora em que nos virmos como o povo da Terra, que é por ela responsável, aí sim estaremos entrando em uma nova Era. Sem o desenvolvimento disso, a Era de Aquário será como todas as outras, até que resolvamos mudar. A escolha será de cada um de nós.

~~

É esse o artigo. O que vocês acham? Estamos na Era de Aquário? Iremos presenciar a Era de Aquário? Será que ela será liderada por um Anticristo? E, por que uma Era em que se pressupõe tanta igualdade e bondade ter-se-ia um líder anticristo? eu tenho minhas dúvidas... E não são poucas!! xDD!!

~*~

Música:

"Aquarius" - do musical Hair.

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sexta-feira, 1 de outubro de 2010

"Já não sei dizer se ainda sei sentir..."

¹"Me sinto tão só, e dizem que a solidão até que me cai bem..."

Começo a conhecer-me. Não existo. (Álvaro de Campos)

Começo a conhecer-me. Não existo.
Sou o intervalo entre o que desejo ser e os outros me fizeram,
ou metade desse intervalo, porque também há vida...
Sou isso, enfim...
Apague a luz, feche a porta e deixe de ter barulhos de chinelos no corredor.
Fique eu no quarto só com o grande sossego de mim mesmo.
É um universo barato.

~~

Quando olho para mim não me percebo.
Tenho tanto a mania de sentir
Que me extravio às vezes ao sair
Das próprias sensações que eu recebo.

O ar que respiro, este licor que bebo,
Pertencem ao meu modo de existir,
E eu nunca sei como hei de concluir
As sensações que a meu pesar concebo.

Nem nunca, propriamente reparei,
Se na verdade sinto o que sinto. Eu
Serei tal qual pareço em mim? Serei

Tal qual me julgo verdadeiramente?
Mesmo ante as sensações sou um pouco ateu,
Nem sei bem se sou eu quem em mim sente.

(Álvaro de Campos, heterônimo de Fernando Pessoa).

~~

Eu preciso voltar a sentir. A ver na natureza poesia. A ver nas pessoas as coisas boas, não só as más. Essa minha critica excessiva e atino por objetividade e verdade estão me tornando insensível e alguém totalmente voltado para o pensamento tecnicista, positivista e científico - o que eu combato e refuto ferozmente. Mal vivi e já digo que estou morrendo. Nunca vivi um amor e digo que ele não existe baseando-me nas Ciências (nas Ciências, meu Deus, nas Ciências!...).
Preciso reaprender a amar. Reaprender a ver a todos como seres humanos, e não meramente animais racionais que estão vivos para reproduzir-se somente.
Eu preciso reaprender que a vida vale a pena, que os sentimentos são reais, que o amor existe... Mas é tão difícil se acreditar em algo que você nunca vivenciou... É tão difícil se sentir numa ilha em sua própria casa. É tão difícil você tentar mostrar seus sentimentos.
E é cada vez mais difícil não chorar.
~*~
Música:
¹"Maurício" - Legião Urbana
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