Ela olhava através da janela. Um sol vermelho se punha. Ela via o horizonte. Pensava. Não entendia nada do que lhe dizia respeito, simplesmente por que não conseguia se definir. Era só. Isto era um fato. Mas daquela janela... Daquela janela ela imaginava dias melhores, cheios de emoção, de adrenalina. O lema dos românticos e dos piratas: "Bebei, rapazes!". Mas ela estava entre a janela e o pôr do sol. Não sairia dali, pois não ousaria navegar mares nunca dantes navegados. Ela chorava. Ansiava uma vida inteira de aventuras, grandes e intensos amores, daqueles que são eternos enquanto duram... Mas ela via somente o horizonte através da janela... Um dia, foi o horizonte quem não mais a viu.
Neste ponto, a pena fez-se seca, o poeta fez-se quieto e pensativo. Olhou através de sua janela. O quanto ela era ele? O quanto ele era ela?
Não mais pensou nisso. Colocou a pena de volta na tinta, mas não conseguia escrever. Ela estava na janela, estendendo-lhe a mão.
- Vem cá. Junta teu coração ao meu. Haveremos de navegar juntos esse mar envolto em breu que é tua alma.
- O que queres dizer?
- Esta jornada não se faz de respostas, mas sim de perguntas. E tu hás de fazê-las junto a mim.
O horizonte. O pôr do sol. A vida. A jornada. O mar... Intenso. Obscuro. Emocionante.
Mariana Rodrigues Costa.