"Há tantos anos me perdi de vista que hesito em procurar me encontrar. Estou com medo de começar. Existir me dá às vezes tal taquicardia. Eu tenho tanto medo de ser eu. Sou tão perigoso. Me deram um nome e me alienaram de mim." - Clarice Lispector.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

"Ich warte hier... stirb nicht vor mir!"

Eu queria poder dizer que não estou mais à merce das minhas famosas avalanches tempestuosas de sentimentos. Mas como tudo o que eu acredito que esteja acontecendo, isso não é real, não é verdade. 
Eu, infelizmente ainda sinto. Ainda sinto com muita intensidade, com muita vontade...
Por que, Deus, por quê? Por que se você quase nunca está comigo, se você não se esforça nem por estar comigo em algum momento? E, a pergunta mais óbvia, por que se você não sente o mesmo?
Eu não entendo... sinceramente, não entendo... por que eu faço isso? Por quê? O que eu ganho? É a zona de conforto da qual eu não pretendo e não quero sair? É mais fácil idealizar pra mim? Sim, é... Por que eu insisto nisso? Por quê?

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Música:
"Stirb nicht vor mir (Don't die before I do)" - Rammstein.

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terça-feira, 13 de setembro de 2011

"Eu
escrevo para nada e para ninguém. Se alguém me ler será por conta
própria e auto-risco. Eu não faço literatura: eu apenas vivo ao correr do
tempo. O resultado fatal de eu viver é o ato de escrever. Há tantos anos
me perdi de vista que hesito em procurar me encontrar. Estou com medo
de começar. Existir me dá às vezes tal taquicardia. Eu tenho tanto medo de
ser eu. Sou tão perigoso. Me deram um nome e me alienaram de mim."

in UM SOPRO DE VIDA.
-  Clarice Lispector.
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"Não sei o que fazer do que vivi, tenho medo dessa desorganização profunda. Não confio no que me aconteceu. Aconteceu-me alguma coisa que eu, pelo fato de não a saber como viver, vivi uma outra?!"

- Clarice Lispector.

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terça-feira, 6 de setembro de 2011

Cora


Cora vivia se perguntando se algum dia conseguiria domar seus sentimentos, se algum dia ela conheceria um homem - aquele que ela julgasse o certo - e conseguiria ter sentimentos brandos por ele, e não sempre as avalanches tempestuosas que ela sentia ao se apaixonar.
Menina idealista que era, Cora acreditava que encontraria algum rapaz parecido com ela, porém que fosse diferente em alguns aspectos, mas mesmo assim a completasse. Tudo uma completa ilusão, cara Cora. Não existem pessoas assim.
Todavia, Cora conhecera um rapaz, e realmente começara a se interessar por ele. Seu aspecto tanto o quanto conservador detectou nele uma série de defeitos, que de nada valiam em face do que a pessoa dele representava para ela. Conversar com esse rapaz era sempre libertador, ele era uma luz no seu caminho obscuro e tortuoso de até então.
Com ele, ela aprendeu diversas coisas, mudou muito dentro de si após entrar em contato com ele, e isso a transformou de tal forma que ela começou a se sentir realmente livre, viva, capaz de enxergar além de preconceitos, entre outras coisas que ela julgava que ele realizava em sua vida.
Certo dia, Cora deparou-se com um dilema: "Estou ou não apaixonada?" Após um momento, um ínfimo momento, que para ela durou horas, ela teve certeza: estava apaixonada!
- Mas o que fazer com tudo isso?! O que fazer com todo esse sentimento encrustado em meu peito?! Calar-me? Deixar que o tempo aja? Não! Eu tenho pressa! Meu coração pensa diferente de meu cérebro; ele tem pressa, tem ânsia de vida, de carinho, de juntar dois corações num abraço e nunca mais separá-los - nem que esse "nunca mais" seja a duração do abraço!
Cora estava perdida. Não queria deixá-lo desaparecer de sua vida e somente lembrar dele como alguém muito querido e especial que ela conhecera e se tornara seu amigo, porém era necessário. Era preciso.
Ela tinha de matar esse vilão que se desenvolvera no âmago de seu ser - esse vilão que nos atinge, e que se instala de forma parasitária por tempo indeterminado -, tomando sua alma e seu viver em prol de uma satisfação egoísta: a de ser correspondida. Sim, esse vilão, julgava ela, era o amor. Ou algo muito parecido com isso.
Tinha de matá-lo, era fato. Mas tinha de matá-lo para que pudesse preservar o que construíra e conseguira com aquele rapaz.
Mas há diferenças muito grandes entre o dever e o querer. E Cora, confusa como sempre, negava a ambos com a mesma intensidade.

21/08/2011,
Domingo,
23h37min.

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Música:
"Mr. Brightside" - The Killers.
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