Balada (Florbela Espanca)
Amei-te muito, e eu creio que me quiseste
Também por um instante nesse dia
Em que tão docemente me disseste
Que amavas 'ma mulher que o não sabia.
Amei-te muito, muito! Tão risonho
Aquele dia foi, aquela tarde!...
E morreu como morre todo o sonho
Deixando atrás de si só a saudade!...
E na taça do amor, a ambrosia
Da quimera bebi aquele dia
A tragos bons, profundos, a cantar...
O meu sonho morreu... Que desgraçada!
......................................
E como o rei de Thule da balada
Deitei também minha taça ao mar...
~*~
"NENA: - Nem com todo mundo a gente transa. Às vezes nem fica. Mas tem pessoas em que é um lance tão foda, não rola nem beijo, mas...
NENA e CORO: - ...fica assombrando você por muito tempo, como aquele objeto esquecido no canto do quarto, que toda vez que você olha pra ele, você pensa “vou colocá-lo no lugar”, mas daí surge uma preguiça inexplicável que te impede.
JOHN SMOKE: - Talvez porque para pôr no lugar aquele objeto, você terá de arrumar o quarto todo. Ou como o scrap de uma pessoa em quem você está interessado, mas está tudo tão enrolado, que você fica olhando aquele scrap, sem coragem nem de apagá-lo, nem de respondê-lo." - trecho de "A Chave de Plutão", Luiz Bosco.
~*~
Insônia
Como eu queria poder dizer tudo o q está se passando pela minha cabeça, e que são as coisas responsáveis pela minha insônia... Mas não se pode dizer certas coisas num grito da noite, nem a todos os caminhantes soturnos que nos cercam. É preciso que a pessoa certa escute. É preciso refletir com quem se quer refletir.
Por que eu penso assim, meu Deus? Seria tão fácil se isso pudesse ser dito com palavras não ditas, gritos surdos numa madrugada de quinta-feira de um mês de agosto... Mas o gosto amargo da reflexão não compartilhada com quem se deveria permanece. E não acabará tão cedo.
0 comentários:
Postar um comentário