"Há tantos anos me perdi de vista que hesito em procurar me encontrar. Estou com medo de começar. Existir me dá às vezes tal taquicardia. Eu tenho tanto medo de ser eu. Sou tão perigoso. Me deram um nome e me alienaram de mim." - Clarice Lispector.

sábado, 28 de junho de 2014

Importância dos ancestrais

Quando tocamos em certos assuntos na nossa vida, é impossível não pensar neles mais de uma vez e sob diferentes perspectivas. Bom, o assunto que chamou minha atenção foi a ancestralidade.
Muitas pessoas têm medo de envelhecer - isso aqui no ocidente. Por que isso?, eu me pergunto, por que achar algo tão natural, bonito e de tamanho aprendizado como sendo feio, algo a se evitar, não poder envelhecer jamais porque seria... feio? Isso pra mim não faz sentido. Eu sinceramente não gosto de fazer aniversários porque eu sempre vi o processo de envelhecer como não sendo bom - um ano mais próximo da morte, como eu costumo brincar. Mas eu vejo que é algo necessário e natural na vida. Pra morrer, basta estar vivo, e pode ser que morramos jovens, contrariando a ideia natural. Mas creio que o real motivo de eu não gostar dos meus aniversários é a ausência da minha mãe. 
Levando em consideração isso, podemos perceber a supervalorização da juventude no mundo ocidental. Comerciais têm jovens belos e esbeltos, que vivem o momento o máximo que podem... Mas quase nunca um senhor passando uma imagem de vitalidade - o que ocorre muito embora as pessoas não vejam os velhos assim. Eu acho isso tão errado... Os mais velhos são os que mais viveram e normalmente têm os melhores conselhos e melhores histórias pra contar - sem mencionar que são os que mais têm paciência e facilidade para ajudar a gente.
O que eu quero assinalar aqui é que os mais velhos, nossos ancestrais, são aqueles que têm mais a nos passar e nós normalmente não damos ouvidos. Ou quando damos ouvidos, não os valorizamos o suficiente, o quanto deveríamos. Muitas pessoas desrespeitam os mais velhos, e isso eu acho uma falta de consideração enorme, porque eles já passaram por tudo que nós passamos e um pouco mais.
Quando falamos em mais velhos e em ancestrais, lembramos logo aqueles que compõem nossa árvore genealógica. Muitas pessoas se sentem mal ou mesmo envergonhadas por ter a descendência que têm. Eu confesso que tinha vergonha, até perceber que eu sou quem sou e sou um ser muito sortudo e privilegiado de ter tido a descendência que tenho, porque eu vou dizer pra vocês, é uma honra ser descendente de um povo cheio de vida, de garra, de gingado, de musicalidade como eu sou descendente! É de invejar qualquer um! Hoje em dia eu tenho ódio de não ter tido mais descendência africana do que eu já tenho... hehe
Ainda mais tenho orgulho de ser mulher e descendente de tantas mulheres lindas e fortes!
Alguns que lerem o que eu estou escrevendo podem dizer que eu estou enaltecendo demais o passado. Não é isso. Eu acredito piamente que temos de viver o momento de agora sem nos esquecer dos que chegaram antes de nós e sem esquecer aqueles que virão.
Ou seja, temos de viver o momento de hoje sem nos esquecer do que já aconteceu e sem esquecer do amanhã. Isso não implica não viver, porque alguns pensam assim. Isso implica responsabilidade. Eu sou daquelas pessoas que acredita que liberdade vem com responsabilidade.
Bom, esse texto foi mais pra falar sobre minha indignação quanto ao descaso de algumas pessoas quanto aos mais velhos e seus ancestrais. Temos de observar nossas ações e palavras para que isso mude, caso quisermos. Caso não, eu sinto muito, porque quem não quiser aproveitar isso, está somente perdendo.

"Alguns são como água, outros como fogo
Uns são a melodia e outros são o ritmo
Cedo ou tarde todos terão virado poeira
Porque não continuam jovens"

Essa letra é da música "Forever Young", super famosa. Ela vem com a pergunta "Você realmente quer viver pra sempre, pra sempre jovem?". É uma pergunta digna de se refletir, porque embora seja muito bom ser jovem, também é muito bom ser velho. Há conhecimento, há vida, há energia, há aprendizado acima de tudo. Será que seria realmente bom viver pra sempre jovem? Não aprender realmente com o passar do tempo?
Enquanto não podemos responder essa pergunta, vamos viver e aproveitar a vida o máximo que pudermos. É assim que tem que ser!
~*~
Música:
"Forever young", Alphaville.
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domingo, 15 de junho de 2014

Iguais diferenças

Há tantas coisas que eu gostaria de conversar com você... De como eu tenho me esforçado pra ser uma pessoa boa, uma pessoa que, pelo menos, seja metade do que você foi... Uma pessoa de ideias claras, concisas... Uma pessoa inteligente, meiga, amiga, linda, enfim... Que tinha lá seus defeitos, mas quem não os têm? Acho que até seria chato demais viver num mundo onde todos são perfeitos...
Acho que nós somos muito parecidas, embora muito diferentes. Acredito que pelo modo que você me criou, e também pelo modo em que outras pessoas me criaram, eu me pareço em muitas coisas com você, e eu fico tão grata por tudo isso... Grata por ter nascido de você, por você ter passado parte da sua cura pra mim, porque sem dúvida foi isso que você me passou. 
Podemos não estar na mesma religião, mas eu sinto você como nunca antes. É como se eu tivesse me aberto para um caminho real, um caminho que realmente faz sentido com quem eu sou, e eu sei que você fez a mesma coisa, desde pequena... Eu também fiz, mas acabou que eu fui pra um caminho oposto, embora bem semelhante.
Eu só não quero, e não vou, ser a pessoa que vários dizem que eu seria, sabe? Aquela pessoa que só faz escolhas ruins, que só erra, que não "vai pra frente na vida"... E vamos combinar, né? Existe isso de escolha ruim ou boa? Eu não sei, a gente faz as coisas no momento em que vivemos, não dá pra ficar adivinhando como seria se tivesse sido diferente, não é mesmo? Não dá pra voltar no tempo e testar todas as maneiras possíveis pra ver qual é a melhor!
Eu queria conversar com você de novo... queria que você voltasse a me ouvir depois do seu longo dia de trabalho, sabe? Como quando eu te atrapalhava usar o banheiro pra conversar... Eu falava muito... Você me ouvia... Era demais! Passávamos um bom tempo juntas... e isso eu queria de volta...
Coisas que o tempo e a vida nunca apagarão e nunca levarão embora...
Mãe, eu amo você. E sempre amarei... Amei você naquela época. Amo você ainda mais.

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domingo, 1 de junho de 2014

Macaco num fio

Eu não sei vocês, mas eu amo música. E uma música que me foi apresentada por um amigo muito especial vem me fazendo pensar em muitas coisas, em muitas interpretações para essa música.
Antes de falar da música em si, eu gostaria de dizer para vocês o que a música significa para mim. Como vocês puderam perceber, se vocês seguem meu blog há um bom tempo (pelo menos 2 meses hehe), quase todas as postagens têm uma música relacionada, quando elas não são sobre essas músicas (o que é o caso de agora). Então, a partir disso, dá pra ver que eu tenho uma relação muito íntima com a música. Não por ser musicista nem nada, é só porque eu me desenvolvi - sim, estou falando dos meus primeiros nove meses de existência dentro da minha primeira casa, se é que me entendem - e cresci nesse mundo, um mundo cheio de música para tudo e toda situação. Acredito que seja isso que me faz viver, sabe? É um gás pra minha vida de certa forma. Por exemplo, eu tenho planos de fazer uma faculdade de música, não sei se vou conseguir viver de música, mas é meu maior e mais lindo sonho...
Fora que a música nos transmite tantos sentimentos... Alguns mais claros, outros mais sutis... Alguns significados que você nunca viu antes podem aparecer depois de dias, meses, anos... Música tem esse poder de se ressignificar o tempo inteiro, e eu acho isso lindo! Na minha opinião é o que há de mais belo... E há também casos em que as músicas passam uma mensagem que se perpetua verdadeira por anos a fio... Dá pra ver que amo música mesmo né? Haha.
Bom, então vamos à música em questão hoje. A música se chama "Monkey on a wire", que eu entendo como "Macaco em um fio". É uma música de Kasey Chambers e seu agora ex-marido Shane Nicholson. É uma música country, que eu guardo um carinho especial também.
Analisando a letra, quando eu a analisei pela primeira vez, eu entendi esse "macaco em um fio" como sendo o desejo, o sentimento que todos nós temos de mudar as coisas, de sair da rotina, de sentir as coisas como sendo realmente profundas, ou pelo menos de uma forma mais profunda. Pois bem, essa minha leitura não mudou desde então, porém saiu do âmbito particular quando eu prestei mais atenção ao clipe. 
O clipe se passa numa fábrica. Lembrou-me muito do filme "Tempos Modernos", do Charlie Chaplin, porque o empregado está lá fazendo as coisas de sempre, percebendo a mudança dos funcionários em máquinas, seres que só servem para alimentar o sistema vigente. E acredito que ele tenha se incomodado com isso, porque ele logo vê o macaco serelepe, que faz o que quer, sem se importar com o que os outros vão pensar... E vai atrás dele, até se tornar também um macaquinho. Ou seja, para mim, nessa minha segunda leitura do clipe mais a música, o que eles querem dizer? Para mim, eles querem dizer que nós não podemos, não devemos, e também não conseguimos, por mais que tentemos, nos render às garras de um sistema, uma rotina ou algo assim. Hora ou outra vamos nos rebelar, fazer algo para mudar, por mais que demore. E essa minha leitura me deu muita esperança, sabe? Como se a música ainda tivesse uma função que se perdeu em alguns estilos musicais: a função de fazer pensar e impelir o indivíduo a agir! Sim, porque como eu disse na postagem anterior, é importante que nós tenhamos ação também, pois não é só de pensamento e sentimento que se faz a humanidade e a nossa vida.
Essa foi a minha leitura secundária. A minha leitura primária da música me levou a pensar, como sempre, no indivíduo como se relacionando com alguém. Sim, porque o macaco está sendo seguido por uma pessoa, e no fim vemos dois macaquinhos juntos. Minha primeira leitura me levou a crer, também, que o "macaco em um fio" se refere aos sentimentos, e que por mais que nós não queiramos, estamos conectados a eles por um fio, por mais que este seja longo, distante, fino e quase invisível. E não dá pra esconder pra sempre os sentimentos, não é mesmo? Porque o macaco está no fio, e ele pode cair, ele pode se fazer presente balançando nele... Vez ou outra eles saem para brincar, pra se mostrar... E nos confundir! Haha! Ou não... Mas eu quero mais chamar a atenção para a segunda leitura, e também para o fato da música ser algo completamente flexível, cheio de visões e interpretações... Isso é lindo! Deixa a música com ainda mais significado a cada vez que é ouvida e sentida! Impele a gente a dançar e a cantar... Eu não sei vocês, mas pra mim é assim!

Era isso que queria falar com vocês. Abaixo eu vou deixar a tradução da música (eu que fiz, então, por favor, tenham paciência com erros! haha!) com o link do clipe! Espero que gostem tanto quanto eu gostei!


"Monkey on a wire" (Tradução) - Kasey Chambers & Shane Nicholson


Eles não fazem nenhum som, eles não tocam nenhum sino

Não deixando nenhum traço, eles não têm contos para contar
Eles não encontram nenhum lar, eles não fazem amor
Não fundindo nenhuma sombra enquanto se equilibram acima

Oh, aqui vou eu, eu e meu desejo

Todos têm o seu macaco em um fio
Oh, lá embaixo, líder do coral
Está esperando pelo próximo macaco em um fio

Eles não mantêm nenhum medo, nenhum segundo prêmio

Andando como Jesus com vudu em seus olhos 
Eles chegam de verde, eles partem de preto
Segurando rosas vermelhas com balas em suas costas

Oh, aqui vou eu, eu e meu desejo

Todos têm o seu macaco em um fio
Oh, lá embaixo, líder do coral
Está esperando pelo próximo macaco em um fio

Eles não fazem nenhum som, eles não tocam nenhum sino

Andando como Jesus com vudu em seus olhos

Oh, lá vai você, você e seu desejo

Todos têm seu macaco em um fio
Oh, lá embaixo, líder do coral
Está esperando pelo próximo macaco em um fio
Oh, lá embaixo, agasalhado no fogo
Esperando pelo próximo macaco em um fio.

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