"Há tantos anos me perdi de vista que hesito em procurar me encontrar. Estou com medo de começar. Existir me dá às vezes tal taquicardia. Eu tenho tanto medo de ser eu. Sou tão perigoso. Me deram um nome e me alienaram de mim." - Clarice Lispector.

terça-feira, 22 de julho de 2014

My sweet childhood


Há muitos anos eu não assisto mais a TV, por motivos pessoais, e um deles é que a TV já não mais me entretém. Então hoje em dia eu assisto a séries pelo computador. Uma delas vem me fazendo pensar em muitas questões, é "Friends". Acredito que quem nasceu na década de 1990 ou antes se lembra dela. É uma série que mostra a vida de 6 amigos, como eles vivem juntos e tudo mais... Eu acabei de assistir a um episódio que me fez pensar numa das muitas questões que a série me faz pensar.
O episódio que vi foi o de número 13 da sétima temporada. Os pais de Ross e Monica resolvem vender a casa deles, a casa onde eles cresceram e construíram suas memórias de infância ali. Ambos, Ross e Monica, ficam arrasados quando descobrem que a casa será vendida, mas mesmo assim vão lá para buscar suas coisas. Monica descobre que as coisas dela foram usadas para impedir que a garagem fosse inundada, então as coisas dela estragaram por completo... 
Bem, por que eu estou falando disso? Todos sabemos que época da infância é uma época muito importante, e não ter o que nos lembre dela é algo muito preocupante. É como se apagassem todos os anos antes de sermos quem somos hoje. Bom, de certo modo, eu me sinto assim.
Minha casa da infância foi vendida quando eu tinha 16 anos. Eu sinto muitas saudades de viver lá, foram com certeza os anos mais felizes da minha vida. Senti muita pena em ter q me despedir dela... Ficava perto da escola, perto dos meus colegas de rua, nós brincávamos na rua e tudo mais... Até inventei uma brincadeira estúpida que todos brincaram... haha! 
"Mas e as outras lembranças?", vocês podem perguntar, "tem sempre algo registrado em fotos, em coisas suas da infância..." Bem, não é tão simples assim... Por motivos que eu não quero citar aqui, muitas das minhas lembranças se foram. Foram jogadas no lixo, deixadas de lado, transformadas em outra coisa... Hoje mesmo, visitei minha avó e vi um abajur que me lembrou da minha infância... Mas foi dado à minha avó porque... Bem, não quero entrar nesse assunto, mas o que sei é que muito foi tirado de mim. Muito foi apagado de mim. Muito foi mudado sobre mim. E foi assim que a Monica se sentiu quando viu que todas as coisas dela foram destruídas.
E eu penso que é realmente assim. Nós somos compostos pelo o que fomos e pelo o que somos hoje, e também pelo o que seremos no futuro. Se por algum motivo nos esquecemos ou perdemos alguma das partes de nós, é como se nós perdêssemos parte da nossa essência, não é mesmo? Eu posso estar soando saudosista... mas pensem bem: fotos suas de criança, objetos seus, brinquedos, seu quarto... tirados de você? Como você se sentiria?
Hoje em dia eu não possuo um quarto. O que eu possuía, não me pertence mais. É como se eu tivesse pátria, mas não tivesse um lar. Entendem?
Esse processo não foi vivido por mim, não fui eu que quis fazer tudo isso... Foi-me imposto, por pessoas que eu não quero citar, mas tem a ver com a ida da minha mãe... com certeza tem...
É como se a lembrança dela fosse a única coisa que me prendesse ao sentimento de pertencimento ao lugar que vivo... ou costumava viver.
É exatamente como diz a música do Within Temptation:

"Neste mundo você tentou
Não me deixar para trás sozinho
Não há outro modo.
Eu rezei aos deuses para deixarem ele ficar.
As lembranças aliviam a dor por dentro, agora eu sei porque.

Todas as minhas lembranças mantém você próximo.
Em momentos silenciosos imagino você aqui.
Todas as minhas lembranças mantém você próximo.
Seus sussurros silenciosos, lágrimas silenciosas.

Me fez prometer que eu tentaria
Encontrar meu caminho de volta nesta vida.
Eu espero encontrar um modo
Para me dar um sinal que você está bem.
Me recordo novamente isto é o valor de tudo, então eu posso continuar seguindo."

Eu sinto falta de lembrar as coisas da minha infância. Sinto falta de sentir as coisas que sentia... É como se tudo tivesse me sido tirado e agora eu sou simplesmente aquilo que eu fiz num passado muito próximo. Às vezes eu me pego esquecendo tudo o que eu era... E sei como isso é ruim! Eu perco meu chão, meu porto seguro em saber que eu sou a pessoa que sou porque eu vivi tudo aquilo... entendem? Tentem imaginar isso... tentem imaginar que todo seu passado lhes foi tirado... o que sobra?
Vocês viram um pedacinho de "mim" por aí? Um pedacinho de "meu passado"? Se acharem, poderiam me devolver? Isso me deixaria muito feliz...

~*~
Música: 
"Memories" - Within Temptation.
.


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segunda-feira, 21 de julho de 2014

Questionamentos...

Muitas questões na vida são difíceis de processar e engolir. A trajetória do viver e ser é uma trajetória muito complicada e cheia de pegadinhas, não é mesmo? Mas ainda assim precisamos tentar ver o lado bom das coisas, se algo ruim acontece é preciso ver o que aprendemos com aquilo e encarar que o aprendizado que tivemos é algo bom, certo? Bom, não sei se sinto isso hoje. 
Sabemos que amizades vêm e vão, e algo sempre acaba no fim. Também sabemos que alguns nunca se vão. Mas o que fazer quando alguns muito queridos se vão de nossas vidas e nós ficamos pensando que poderia ter feito diferente? Ter mudado algo? E quando você percebe isso, mas é tarde demais para tentar algo que mude a situação atual? É só o tempo que tem que agir, então? Eu não sei... Novamente, questões que nunca responderei talvez...
Eu acredito que o mais bonito numa amizade verdadeira é ver os processos de cada um: como cada um mudou, o que cada um manteve... e ainda assim continuar amigos! Sem deixar de, é claro, "puxar orelhas" e dar conselhos quando necessário! Isso é lindo... Por tudo o que já vivi, acredito que isso sim é o que é a amizade... Anos passarem, distâncias se impuserem, pessoas entrarem no meio, mas nada mudar... o sentimento permanecer o mesmo, e a vontade de se ver, de se viver, ser a mesma sempre!
Relacionamentos... Não que eu seja a expert nisso, na verdade estou longe disso, mas eu creio que são difíceis, sejam eles quais forem... Ainda mais quando começam de uma forma e vão caminhando pra outra forma... Sabe aquilo que disse que acho que é lindo na amizade? É a mesma coisa no relacionamento. Acho lindo quando casais, mesmo depois de 7 anos ou mais, conseguem sentir pelo outro exatamente aquilo que sentiam anos atrás: aquele frio na barriga quando sabe que vai encontrar a pessoa, aquele frio na espinha de quando está perto da outra, não conseguir não pensar na outra pessoa... coisas assim que nos deixam tão bobos-alegres no começo e que, de alguma forma, pra muitos, vai se acabando... Aquelas declarações de amor do nada, aquele gesto que demonstra "eu não estou dizendo, mas eu te gosto muito, viu?", aquele elogio inesperado e sincero... Tudo isso falta muito, tudo isso deixa a relação humanizada, não-fria, entendem?
Esses dias me peguei me perguntando essas coisas... se eu ainda sentia isso... e fiquei preocupada em perceber como me acostumei a não ter tudo isso, entendem? Isso não é normal! Quem tem coração que sente as coisas como eu sinto não deveria se acostumar a uma coisa assim! É em momentos assim que me lembro como me sentia lendo Álvares de Azevedo, e como isso me fazia me sentir bem, e fico revoltada com o fato de não sentir mais isso, não sentir mais essas emoções tão sutis e tão lindas! Pra onde foi tudo isso? Em que momento me perdi de mim e não me encontrei? Será que é tarde demais para recuperar essa parte de mim? Por onde começo? 
Esse tipo de pergunta me mata por dentro... porque sei que a culpa é só minha! Eu me perdi de mim mesma e preciso recuperar a mim mesma... Você viu um trechinho de "mim" por aí? 
"Voltai, sonhos de amor e de saudade!
Quero ainda sentir arder-me o sangue,
Os olhos turvos, o meu peito langue...
E morrer de ternura!" - "Trindade", Álvares de Azevedo.
~*~
"Maurício" - Legião Urbana.
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terça-feira, 1 de julho de 2014

Corpo

Corpo é santo.
Corpo é o templo mais sagrado
Corpo é canto
Corpo é dança.
Corpo é vida
Corpo é abundância
Corpo é exuberância
Corpo é amor
Corpo é liberdade
Corpo é disciplina da alma
Corpo é alma do universo
Corpo é vivência em plena andança
Corpo é tudo
Corpo é nada
Corpo é o fim
Corpo é o início
Corpo é o meio.
Corpo... é corpo

E por isso é maravilhoso.

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