Muitas questões na vida são difíceis de processar e engolir. A trajetória do viver e ser é uma trajetória muito complicada e cheia de pegadinhas, não é mesmo? Mas ainda assim precisamos tentar ver o lado bom das coisas, se algo ruim acontece é preciso ver o que aprendemos com aquilo e encarar que o aprendizado que tivemos é algo bom, certo? Bom, não sei se sinto isso hoje.
Sabemos que amizades vêm e vão, e algo sempre acaba no fim. Também sabemos que alguns nunca se vão. Mas o que fazer quando alguns muito queridos se vão de nossas vidas e nós ficamos pensando que poderia ter feito diferente? Ter mudado algo? E quando você percebe isso, mas é tarde demais para tentar algo que mude a situação atual? É só o tempo que tem que agir, então? Eu não sei... Novamente, questões que nunca responderei talvez...
Eu acredito que o mais bonito numa amizade verdadeira é ver os processos de cada um: como cada um mudou, o que cada um manteve... e ainda assim continuar amigos! Sem deixar de, é claro, "puxar orelhas" e dar conselhos quando necessário! Isso é lindo... Por tudo o que já vivi, acredito que isso sim é o que é a amizade... Anos passarem, distâncias se impuserem, pessoas entrarem no meio, mas nada mudar... o sentimento permanecer o mesmo, e a vontade de se ver, de se viver, ser a mesma sempre!
Relacionamentos... Não que eu seja a expert nisso, na verdade estou longe disso, mas eu creio que são difíceis, sejam eles quais forem... Ainda mais quando começam de uma forma e vão caminhando pra outra forma... Sabe aquilo que disse que acho que é lindo na amizade? É a mesma coisa no relacionamento. Acho lindo quando casais, mesmo depois de 7 anos ou mais, conseguem sentir pelo outro exatamente aquilo que sentiam anos atrás: aquele frio na barriga quando sabe que vai encontrar a pessoa, aquele frio na espinha de quando está perto da outra, não conseguir não pensar na outra pessoa... coisas assim que nos deixam tão bobos-alegres no começo e que, de alguma forma, pra muitos, vai se acabando... Aquelas declarações de amor do nada, aquele gesto que demonstra "eu não estou dizendo, mas eu te gosto muito, viu?", aquele elogio inesperado e sincero... Tudo isso falta muito, tudo isso deixa a relação humanizada, não-fria, entendem?
Esses dias me peguei me perguntando essas coisas... se eu ainda sentia isso... e fiquei preocupada em perceber como me acostumei a não ter tudo isso, entendem? Isso não é normal! Quem tem coração que sente as coisas como eu sinto não deveria se acostumar a uma coisa assim! É em momentos assim que me lembro como me sentia lendo Álvares de Azevedo, e como isso me fazia me sentir bem, e fico revoltada com o fato de não sentir mais isso, não sentir mais essas emoções tão sutis e tão lindas! Pra onde foi tudo isso? Em que momento me perdi de mim e não me encontrei? Será que é tarde demais para recuperar essa parte de mim? Por onde começo?
Esse tipo de pergunta me mata por dentro... porque sei que a culpa é só minha! Eu me perdi de mim mesma e preciso recuperar a mim mesma... Você viu um trechinho de "mim" por aí?
"Voltai, sonhos de amor e de saudade!
Quero ainda sentir arder-me o sangue,
Os olhos turvos, o meu peito langue...
E morrer de ternura!" - "Trindade", Álvares de Azevedo.
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"Maurício" - Legião Urbana.
segunda-feira, 21 de julho de 2014
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