"Há tantos anos me perdi de vista que hesito em procurar me encontrar. Estou com medo de começar. Existir me dá às vezes tal taquicardia. Eu tenho tanto medo de ser eu. Sou tão perigoso. Me deram um nome e me alienaram de mim." - Clarice Lispector.

sábado, 24 de março de 2012

Caneta Azul


Faço linhas malfeitas para pessoas que pensam sentir o mesmo que eu. Talvez realmente sintam, não sei. O que sei é que o relógio é demasiadamente lento, e o estado de estar e não estar em um lugar é complexo. Este é o da viagem.
Quando se anda de um ponto a outro, nós estamos no lugar onde estamos, onde estávamos ou onde estaremos? Ou não estamos em nenhum deles?
Por que a hora passa tão devagar? O tempo é subjetivo, então? Sendo subjetivo, um segundo pode durar um minuto e vice-versa, certo? Então, ao mesmo tempo que o tempo existe, ele também não existe. Assim como o espaço, o lugar onde estamos. Ou não. No caso das viagens. E agora?
Se tempo e espaço são subjetivos e circunstanciais, isso significa, implicitamente, que somos nós que determinamos o que estes tempos e lugares significam. Logo, a existência nada mais é do que o que você pensa que ela é. Portanto, a vida tem as cores que você pinta. Ou não tem cor alguma, ou todas, ou uma, ou mil...
Nunca mais deixe-me com caneta e papel. É perigoso. Posso matar, morrer, criar, desmentir, construir e destruir em poucas, mal-traçadas e mal-escritas linhas.

Rod. de Lins - SP,
15/12/11,
12:55.

0 comentários:

© 2011 Sempre no coração, haja o que houver..., AllRightsReserved.

Designed by ScreenWritersArena