"Há tantos anos me perdi de vista que hesito em procurar me encontrar. Estou com medo de começar. Existir me dá às vezes tal taquicardia. Eu tenho tanto medo de ser eu. Sou tão perigoso. Me deram um nome e me alienaram de mim." - Clarice Lispector.

domingo, 2 de agosto de 2015

Lugar pra se morar?

Quem me conhece sabe que eu, desde que me mudei pra Assis em 2011, não tenho casa fixa. Mas se eu pudesse escolher onde morar, em qualquer lugar do mundo, não seria necessariamente um lugar. Seria em momentos, e principalmente em sentimentos.
Muitos anos atrás eu era uma pessoa muito triste. Vivia reclamando de tudo da vida, e quem estiver com dúvidas pode ver postagens dos primeiros anos do blog - são coisas cheias de negativismo, mas que me "ajudaram" de certa forma... E hoje vejo que eu sou uma pessoa que anseia pela vida, eu só estava procurando desesperadamente viver e não sabendo como.
Fato é que as relações hoje estão muito rasas, ao meu ver... E aquelas que tentam ser o mais intensas possíveis não conseguem de verdade sê-las - ou se conseguem, por vezes, são demasiadamente destrutivas. Vejo hoje como as coisas são frágeis, os sentimentos, as pessoas... As situações são delicadas... E como uma coisa que pode não ser nada pra mim pode ser tudo para outros.
Portanto, há alguns anos já, eu resolvi não deixar de viver um minuto sequer sem sentir cada coisa, cada pessoa, cada sentimento o máximo que eu puder e quiser sentir. E o o máximo de relação que eu puder ter com alguém, se a pessoa assim permitir, eu vou ter. No limite de cada um, eu vou vivendo nos meus extremos. Engraçado, não é? No limite de cada um, eu vivo meus extremos... Mas é assim que eu acho que as coisas deveriam ser: todo mundo vivendo seus extremos no limite que o outro suportar, aguentar a carga também.
Quando transbordo, e não é raro dependendo da situação, eu venho pra cá ou apelo pra poesia. E isso me ajuda. Não coloca uma carga emocional demasiada em outras pessoas que poderiam não aguentar.
"Nossa, mas você está sendo intensa demais, você nem é assim..." Por anos achei que não fosse. Pensei mesmo que era insensível demais. Mas chega um momento em que precisamos aceitar quem somos, abraçar nossas sombras e nossa claridade, e trabalhar em ambas para que haja um viver melhor. E eu sou sim intensa. E sabe por quê? Porque eu prefiro viver intensamente o que tem que ser vivido hoje do que esperar até amanhã pra ser feliz, pra tentar "ganhar a vida". A gente tem que ganhar a vida hoje! E ganhar a vida nem sempre, na verdade quase nunca, é fazer dinheiro: mas sim viver! Ter momentos bons com quem amamos! Quem quer que seja. 
A vida é curta e frágil demais pra que nos privemos de momentos felizes, por mais bobos que sejam, de estar com as pessoas. Percebi isso tarde demais, ao meu ver. Mas estou aprendendo com o tempo.
Por isso, se tiver que escolher "onde" morar, e esse onde não for restrito ao sentido de espaço físico, quero morar em minhas lembranças, em meus aprendizados, e principalmente, em meus sentimentos.

~*~
Música:
"Someone new", Hozier.

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