Meu querido,
Os começos são sempre doces: os amores são sempre perfeitos e eternos. As promessas... Ah, as promessas... Ser sempre compreensivo, ser sempre bonito, intenso, maravilhoso... Todos os começos são uma aventura maravilhosa... Mas e os meios, meu amor? Como podemos lidar com os meios?
Todo ser humano tem uma parcela amável e uma parcela detestável, e é preciso saber que nossa essência é pura. Não pura no sentido de boa, mas no sentido de imaculada, original, única. E, embora nossa parcela ruim venha sempre para boicotar nossa essência pura, ela também nos ajuda a estar presente na vida com um senso crítico bastante aguçado.
As experiências que temos existem para que aprendamos a aproveitar os momentos do agora, viver intensamente cada acontecimento, e não para que nos prendamos às máculas que nos causaram...
Como é difícil, meu amor... Como é difícil deixar o passado ir de vez... Deixar que a dor nos domine, deixar que esse romance entre nós e a dor seja algo presente e aceitar que a vida pode nos proporcionar momentos de felicidade e não há problema algum nisso...
Creio mesmo que tenhamos nos acostumado a sofrer, e, por conseguinte, passamos a amar a dor... De tal forma que, qualquer sentimento bom, seja qual for, nos deixe em parafuso quando acontece. E aí, num ato de auto-boicote, buscamos querer que a dor volte, porque esse era o estado anterior, e estávamos seguros antes.
Qual o preço da segurança? É trancafiar-se dentro de um prédio e não ir à praia para ver o mar, por medo de morrer? Morre lentamente quem não vive o agora. Também morre lentamente quem deixa de experimentar todos os sentimentos que a vida nos proporciona.
Os meios... os meios são tortuosos... mostram os dissabores que podemos enfrentar nos percalços do caminho... Desistir? Deixar de lado? Por mais que pareça mais fácil, essas nunca foram as opções mais fáceis pra mim... Eu sempre insisti muito, demais, mais do que minha capacidade poderia aguentar. Por que as pessoas são sempre o contrário de mim? Já pensou nisso, meu querido? Já notou isso?
Mesmo perante todos os indícios de que eu deveria deixar de lado, ou mesmo esquecer, eu estou lá, lembrando... guardando... protegendo... analisando tudo cuidadosamente, meticulosamente... Por que insisto tanto em mim mesma? E nos outros, ainda mais?
O que realmente me pergunto, nesse momento, é até que ponto eu vou conseguir tocar sua alma... Parece que você se afasta de mim... isso é verdade, meu querido? Existe uma armadura sendo feita em volta de você? Eu espero que seja somente meu pessimismo falando alto...
Sentimento imaculado, maculado. Tempo, seria você meu aliado? Não sei se seria meu aliado ou meu carrasco... Ao que tudo indica, um misto de ambos...
Enquanto me conheço, menos entendo posturas antigas... E agora, meu amado. eu entendo o que eu não sou e o que eu não vou suportar... E eu não vou suportar essas manchas por muito tempo... Preciso saber, preciso de detalhes... O diabo mora nos detalhes... E eles vão me amaldiçoar...
Meu querido, eu espero que você entenda que eu te amo muito, mas eu te amo o suficiente para perceber que, talvez, você esteja menos feliz comigo do que sem mim. E eu estou pronta para sair de cena se for preciso. Só me ame enquanto se sentir bem e uma pessoa melhor. Do contrário, eu não faria diferença.
Não se engane, eu não estou me negando nem esquecendo do que eu preciso... Muito pelo contrário, sei bem o que quero... E eu quero você, meu querido... como quis desde o princípio...
"Me dê todos os seus inimigos
Eu posso aguentá-los, honestamente
Isso não é uma perda de tempo
Agora estou completamente energizado"
Eu posso aguentar tudo, pois cada um tem o coração que consegue carregar... E meu coração é grande o suficiente para aguentar tudo, mas ele não é grande o suficiente para deixá-lo cair, deixá-lo sofrer... Eu vou sempre, honestamente, querer o seu melhor, meu querido...
Da sua sempre querida,
Sua Amada Imortal.
~*~
Música:
"Choose you", Cambriana.
0 comentários:
Postar um comentário