"Há tantos anos me perdi de vista que hesito em procurar me encontrar. Estou com medo de começar. Existir me dá às vezes tal taquicardia. Eu tenho tanto medo de ser eu. Sou tão perigoso. Me deram um nome e me alienaram de mim." - Clarice Lispector.

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Mudanças "necessárias"


Algumas mudanças são necessárias para que nos tornemos alguém melhor. Mas em que medida essa mudanças são realmente o que nós precisamos? São o que nós temos que alcançar para poder ter uma vida melhor.
Sei que não vivi muitas coisas até hoje, inclusive acredito que vivi bem pouco em relação a algumas pessoas que conheço. Mas o pouco que vivi me mostrou algumas coisas que eu gostei muito e outras que odiei.
O pouco que vivi me mostrou que somos nós que fazemos nossa própria sorte, somos nós que temos que correr atrás daquilo que queremos, sem intermediadores.
O pouco que vivi me mostrou que temos de levar a vida de uma forma leve, se não podemos ser levados à loucura.
O pouco que vivi me mostrou que o trabalho é sim necessário, mas é um instrumento para viver em sociedade, e não algo que nós temos que ter para enriquecer. E também me mostrou que não há trabalho indigno ou menos importante. Todo trabalho é importante porque serve ao coletivo, ou pelo menos deveria. Mas o trabalho também me mostrou que ele corta muito da autonomia do ser humano. Mostrou-me que as pessoas muitas vezes podem se tornar alienadas no trabalho que fazem simplesmente porque precisam dele pra sobreviver. Ele deixa de lado muito do ser humano para torná-lo em máquina. E por conta do fato das pessoas não entenderem que o trabalho deve servir à sociedade e não ao capital.
O pouco que vivi transformou a menina que um dia foi brincalhona em uma menina cheia de responsabilidades, obrigações, cheia de medos, cheia de desesperanças e também cheia de vontade de mudar tudo isso, mas talvez sem a coragem suficiente para isso.
O que quero dizer com tudo isso é: em que medida a foto acima é verdadeira? Será que entrar no mundo "adulto", cheio de compromissos e coisas a se fazer, é a realização de tudo aquilo que está escrito no aquário maior? Será que nós não podemos nos anular nesse processo? Anular nossos desejos reais, nossas vontades mais intrínsecas enquanto nós pulamos de um aquário para o outro? Será que não haveria um outro tipo de aquário? Aquele que nós mesmos construiríamos com as coisas que nós queremos colocar? Será que essas mudanças que a maioria das pessoas julga necessárias são necessárias para nós?
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