"Há tantos anos me perdi de vista que hesito em procurar me encontrar. Estou com medo de começar. Existir me dá às vezes tal taquicardia. Eu tenho tanto medo de ser eu. Sou tão perigoso. Me deram um nome e me alienaram de mim." - Clarice Lispector.

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

"O mundo inteiro estará vendo quando você ascender"


Busco conviver com as pessoas partindo do seguinte princípio: cada um tem uma batalha que está vivendo, da qual eu não faço ideia. Portanto, tento não desrespeitar o tempo do outro, nem menosprezar o que o outro está vivendo. Mas nem por isso deixo de pensar naquilo que eu vivo, e nem por isso eu deixo de julgar as pessoas - somos humanos, afinal de contas... E errar faz mais parte do nosso vocabulário do que pensamos...
Pensando em batalhas, olho a minha vida e busco inspiração na vida de outras pessoas para entender como elas conseguiram ganhar nas suas respectivas batalhas. Assim sendo, reassisti o filme "À procura da felicidade", que tem Will Smith e seu filho Jaden Smith como atores principais. E, é claro, eu me emocionei ao assistir. Passar por dificuldades é algo que me toca muito, porque pessoas na minha família passaram por dificuldade, e passam, e eu também me incluo nesse grupo. Então dá pra entender porque eu me emociono tanto ao ponto de chorar... Mesmo que não sofresse por isso, me emocionaria, é uma história e tanto!
Lendo sobre a verdadeira história de Chris Gardner, eu percebi que ele foi uma pessoa de muita força interior, foi uma pessoa muito motivada por si mesmo a melhorar de vida. Creio que a responsabilidade de cuidar sozinho de um filho de 2 anos também o manteve no propósito, mas ele teve muita força interior: passou fome pelo filho, dormiram em hotéis, abrigos, na empresa que ele fazia estágio (e acordavam antes de todos)... Entre tantas outras coisas que o fizeram um grande administrador das coisas em que ele gastava... O que me toca profundamente também porque meu principal problema e esse: administração de recursos.
Vidas assim, ver que pessoas conseguem viver bem após passarem por tantas dificuldades, me move a melhorar de vida e a buscar novos horizontes. Isso me deixa com muito medo e ao mesmo tempo me instiga: o desconhecido sempre me instigou. Força-me a fazer novas batalhas diárias por mim mesma, pela minha vida, pelo meu futuro.
Eu não sei qual é a batalha diária de cada um, mas sei que a minha está sendo até que fácil. Se eu fosse contar a vocês o que já passei... Talvez alguns se comovessem, outros com certeza diriam que é frescura, mas aí voltamos ao ponto inicial: cada um luta uma batalha a qual não conhecemos. O que devemos fazer com relação às batalhas de cada um é, ao meu ver, ouvir cada experiência, aprender, e apreciar o esforço de cada um.
Pessoas me instigam por conta disso também: saber que por trás de cada sorriso existe uma - ou várias - história pra contar me move a conhecer cada um mais a fundo, justamente porque eu admiro quem trava suas batalhas diárias e busca resolvê-las da melhor maneira possível.
O que eu quero deixar claro nesse texto é: seja qual batalha for, seja por qual ideal ou objetivo, você é imenso e você pode! Não tenha medo de mudar de rumos, inclusive... E espero que você me conte um dia como foi que você se resolveu, eu serei toda ouvidos...


"Seu sacrifício vem a sua mente
Mas nada é desperdiçado, você fez isso agora
Você se levanta de novo, se libertando
Cada passo que você tomar
Você pagou o preço

O mundo inteiro estará vendo
O mundo inteiro estará vendo quando você ascender

O que você está esperando?
Pelo que você está lutando?
Pois tempo está sempre escapando
O mundo inteiro estará assistindo.
Sim, o mundo inteiro estará vendo quando você ascender"


Aqui tem um discurso motivacional do Chris Gardner para graduandos na Universidade de Berkeley, eu recomendo.

~*~
Música:
"Whole world is watching" - Withing Temptation feat. Piotr Rogucki.
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terça-feira, 10 de novembro de 2015

"Eu não vivo mais para envergonhar nem a mim nem a você"




"Surgido do silêncio, o silêncio cheio de si
Uma perfeita harmonia, meu amigo
Há tanto por viver, há tanto por morrer
Se ao menos meu coração tivesse um lar…

Cante o que não puder dizer
Esqueça o que não puder tocar
Precipite-se em afundar em belos olhos
Caminhe pela minha poesia, este réquiem

Minha carta de amor a ninguém."

Toda minha vida eu fui ensinada valores. Estes muito importantes para a minha formação, e eu os valorizo muito. Porém, alguns deles eu não mantenho mais, pois cresci e vivi algumas coisas para ver que alguns desses valores não valem a pena.
Pois bem... Minha vida toda eu fui ensinada que é preciso agradar e servir os outros, para que eles, então, com sua benevolência prestassem atenção e percebessem meu esforço e me recompensassem por isso. Isso em todos os campos da vida. E a ISSO davam o nome de humildade.
Isso não é humildade. Para mim, hoje em dia, percebo que ser humilde é não querer ofuscar a luz do outro por querer fazer-se brilhar ao invés. Percebo que ser humilde não é se diminuir, mas sim saber do seu valor e se colocar em primeiro lugar na própria vida - pois a vida somos nós que vivemos, não é?
Outra coisa que fui muito ensinada a minha vida toda foi que eu não tenho opinião própria, que eu sou uma maria-vai-com-as-outras... Bom, isso era o que eu ouvia. Eu era ensinada a questionar, a perguntar os por quês... E aprendi muito bem.
Mas, oras, Mariana, onde você quer chegar com isso? Vamos ao ponto, então:
Decidi pensar por mim mesma, como antes eu não fazia segundo algumas crenças, e decidir os seguintes rumos da minha vida me baseando naquilo que disse acima: questionando, investigando, sentindo aquilo que seria melhor para mim ou não. E, sinceramente, eu não entendo essa insistência das pessoas em pensar que eu fui convencida a fazer tal coisa ou outra. Tenham isso em mente: da minha mente, eu cuido. E muito bem!
Vejam bem... eu já cuido de mim mesma há algum tempo, e de uma forma que não interessa a ninguém, a não ser que eu queira contar a essa pessoa. Isso parece agressivo, mas não é: é uma questão de escolhas. Eu escolhi dividir a minha vida com quem eu sinto que merece. Se eu não divido minha vida com você, não se sinta mal, eu provavelmente só acho que você não teria como me entender. E olha, eu sou muito observadora... Eu consigo perceber quase que instantaneamente quem aguentaria ou não saber de todos os meus questionamentos diários. 
Esse texto pode parecer rude ou agressivo, mas é só uma manifestação da encheção de saco que eu tenho que viver todos os dias da minha vida por parte de algumas pessoas. 
Se eu tomo uma decisão, é porque eu já refleti muito sobre ela e questionei muito os prós e os contras. Eu, definitivamente, não decido do dia pra noite as coisas. Eu não ajo por impulso quando se trata da minha vida. Portanto, vamos todos respirar fundo e entrar pra aquela seita... a que dói menos, porque quando criança eu posso até ter tomado decisões e posturas equivocadas com a minha essência, mas hoje em dia isso não acontece mais. E toda e qualquer decisão que eu tome, ACREDITEM SE QUISEREM, é pro meu próprio bem!
- Ó, mas que pecado!!!! Que heresia!!! Como assim você está vivendo para você e não para agradar os outros?!?! Como você pôde ser rebelde ao ponto de olhar pra sua vida e perceber que ela está ruim e querer sair disso?!?! Isso é uma heresia!!!! Você vai para o inferno!!!!
Se o que você chama de "inferno" quer dizer pensar por si próprio, se questionar o tempo todo, se autoconhecer e tentar melhorar de vida... Então seu conceito de inferno está muito errado e em desacordo com aquilo tudo que no passado você afirmava sobre mim...
Está vendo como o peixe morre pela boca?
E sigo eu a vida assim... buscando ser uma pessoa de acordo comigo mesma... De alma solitária e, ao mesmo tempo, oceânica...


"Há muito mais que eu gostaria de oferecer aqueles que me amam
Me desculpe
O tempo dirá este cruel adeus
Eu não mais vivo para envergonhar, nem a mim e nem a você.


E você… Gostaria eu de não sentir mais nada por você…”.

~*~
Música: 
"Dead boy's poem" - Nightwish.
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quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Sobre a saga do herói em nossas vidas

Creio que todos nós chegamos a um momento em nossas vidas que olhamos pra trás para analisar o que já conseguimos fazer, o que não deu certo e principalmente para reavaliarmos quem somos. Bem, tenho passado por isso desde 2013, e com isso, perdi muitas amizades pelo caminho, muitas pessoas queridas, por diversos motivos. Há quem diga que perdemos as pessoas que não nos fazem mais sentido porque assim tem de ser. Quem sou eu para questionar isso, não é mesmo?
Bem, antes de falar exatamente sobre o que venho me questionando, quero falar um pouco sobre a saga do herói. Nós não paramos para analisá-la, mas a conhecemos intrinsecamente, mesmo quem diz que não conhece.
Quem é o herói? O que ele faz para se tornar tal? Quais são as situações que ele enfrenta?
Como vocês podem ver na imagem, tudo se inicia com a situação em que cada um se encontra. Depois, algo o chama à aventura, e então, encontrando um mentor (que pode ser de qualquer natureza), ele parte. Então, passa por testes, que por diversas vezes colocam sua vida à prova, até que ele entra em crise (consigo mesmo ou num teste mais difícil). Aí ele pode, então, encontrar o tesouro que procurava e voltar para casa, onde tem uma nova vida e tudo se resolve e um novo status quo se forma.
É interessante observar que é um processo cíclico, e nós, espectadores da vida do herói, por diversas vezes vemos somente uma parte dessa espiral que é a saga do herói.
Por que estou falando sobre tudo isso? Bem, como já citei, venho me questionando muito desde 2013. E tudo isso tem a ver com a saga do herói, pois, para mim, somos todos heróis em nossas próprias sagas, com diferentes tesouros a se buscar, diversos testes e provações.
Resolvi falar sobre isso porque muitas vezes as pessoas ao nosso redor não se importam ou simplesmente não querem entender nossa jornada. Muitas pessoas precisam de mentores a vida inteira e acreditam que a nossa história será igual, e continua falando sobre nossa vida como se fosse a vida que eles quisessem para nós (e na maioria das vezes é). 
Vejam, não estou aqui falando mal do papel dos pais: eles têm um papel fundamental na nossa vida, são algumas das pessoas que formam nosso status quo e ao mesmo tempo nos movem a mudá-lo. O que quero dizer é que, em algum momento, eles têm de entender que precisamos buscar nossa história e fazê-la acontecer.
Enfim, tendo isso sendo explicado, posso falar um pouco da minha saga, sobre um ponto específico, pois como eu disse, nossa espiral de sagas/jornadas é eterna, e temos muitas reviravoltas, conquistas e estabelecimentos de status quo para que eu fale de todos desde que eu nasci... Porque eu creio que nossa saga começa quando nascemos.
2008. Ano decisivo pra mim, me programei para estudar para passar no vestibular e conseguir sair de casa (por n motivos), conseguir um emprego e minha tão sonhada independência e liberdade. Estudei arduamente até 2010, quando prestei o vestibular e vim morar em Assis.
2011. Um novo mundo de possibilidades, pessoas, situações é apresentado para mim. Eu experimento novas situações, longe dos amigos de infância e da família. Mantenho-me em meu objetivo de experimentações e vivências, afinal de contas, liberdade é formada assim também. Encontro um grupo de teatro, que me ajuda a me descobrir e experimentar coisas novas. Sofro bastante em alguns aspectos, perco-me no mundo que escolhi pra mim (e várias postagens nesse blog mostram isso), mostrando que eu meio que não soube lidar. Encontrei amigos que me ajudaram, me deram norte, meus mentores de então.
2012. Começo a trabalhar. Deixo o teatro de lado por falta de tempo. Um outro novo mundo se abriu para mim, cheio de responsabilidades e coisas a se fazer. Começo a namorar, e mais responsabilidades apresentam-se a mim. Eu me afasto de meus amigos e meus amigos se afastam um pouco de mim, eu tento reaproximá-los um pouco, tentativa falha posto que não sabia lidar.
2013. Ano divisor de águas. Problemas na república em que morava, eu me mudando pela primeira vez em muito tempo. Diversos problemas relacionados aos amigos e o relacionamento deles com o meu namorado. Eu, no meio do conflito, me perco ainda mais. Acabo por me afastar deles e me aproximar mais do meu namorado. Acabo perdendo meus mentores. Encontro-me sozinha. Mudo-me de casa mais uma vez. Resolvo dar uma guinada em minha vida e estudar assuntos que havia há muito tempo deixado de lado, assuntos que estudara na adolescência: bruxaria como religião.
2014. Começo o ano estudando bastante sobre bruxaria e procurando autoconhecimento. Acabo me afastando cada vez mais do meu namorado por conta disso. Encontro pessoas no meio pagão que se tornam meus amigos. Encontro uma diversidade quase infinta de covens, tradições, pagãos, enfim... Encontro-me no meio de tudo isso e minha vida passa a fazer sentido novamente. Encontro um coven, cheio de pessoas que falam à minha alma. Encontro novos mentores. Encontro outro grupo de teatro que faz minha alma vibrar novamente no fim do ano. Encontro um centro. Termino o namoro em outubro. Mudo-me de casa pela terceira vez.
2015. Minha família descobre que sou bruxa e pagã. Eu converso com alguns membros e explico que minhas crenças se restabeleceram e que eu me sinto muito melhor como estou vivendo. Devido a isso, digo que vou dar uma guinada na vida novamente. Estabeleço-me ainda mais como quem sou, tomando os rumos da minha vida e inclusive reconsiderando a faculdade, que havia tempos não via mais sentido na minha vida. Programo-me para mais uma mudança.
Este é um pequeno roteiro do que aconteceu comigo. Não me arrependo de nada do que aconteceu pelo simples fato de, agora, ver que tudo o que aconteceu me formou como sou. Se algo não tivesse acontecido, se a teia da minha história não tivesse sido fiada dessa forma, eu não seria quem sou. E eu amo quem sou. 
O que me ajudou muito, imensamente, foi decidir restabelecer minhas crenças. Tive muitos conflitos internos, e ainda os tenho (não vou negar), mas percebi a mudança acontecendo. 
Não sei o que teria acontecido comigo se eu não tivesse decidido mudar minha vida em 2014, fim de 2013... E eu gostaria de dizer, a quem estiver lendo, que não me arrependo nenhum pouco, tenho meus pés firmes nas crenças que estou construindo e firmeza de que eu sou quem sou graças aos deuses, sem sombra de dúvida.
Somos todos heróis. Todos nós temos histórias lindas, tristes, felizes, decepcionantes, instigantes para contar. E o tesouro que nós encontramos nada mais é do que a nós mesmos. Esse é o nosso maior tesouro em tudo que fazemos em nossas vidas.
Perceber, viver e sentir nossas jornadas é algo que necessitamos fazer todos os dias. Nós precisamos construir nossos alicerces firmes, viver, sentir cada um deles para então, se preciso for, quebrá-los, para que ascendamos e o mundo todo veja que nós somos, nós estamos e nós vivemos
Por isso eu digo: se está difícil, é porque ainda não acabou essa determinada jornada que você está vivendo. Se você olha pra trás sem remorso, então tudo valeu a pena. Se fez tudo aquilo que pôde e não se arrepende de nada, posto que na vida as coisas são ou triunfo ou aprendizado, então você está vivendo. Você é forte. Você é incrível. Você é um herói.
Que saibamos perceber nossa saga e a busquemos vorazmente sempre!

Aí vai a letra da música que me inspirou a escrever esse texto (além de tantas outras coisas):


"Você vive a sua vida
Dia após dia
Como se nada pudesse dar errado
Então as cicatrizes são feitas
Eles estão mudando o jogo
Você aprende a jogar da maneira difícil

Eu sei que você deseja mais
E sei que você tenta
E espero que você perceba
Quando for a hora certa

Refrão:
O mundo inteiro estará vendo quando você ascender
O mundo está pulsando por você bem agora
Sua vida inteira está passando diante de seus olhos
Tudo neste momento pode mudar
O que você está esperando?
Pelo que você está lutando?
Pois tempo está sempre escapando
O mundo inteiro estará assistindo.
Sim, o mundo inteiro está vendo quando você ascender

Você constrói suas paredes
Em seguida, as quebra
Pois é preciso
Você se salvou
Você encontrou quem você é
Isso nunca vai embora

Eu sei que você deseja mais
E sei que você tenta
E espero que você perceba
Quando for a hora certa

[Refrão]

Seu sacrifício vem a sua mente
Mas nada é desperdiçado, você fez isso agora
Você se levanta de novo, se libertando
Cada passo que você tomar
Você pagou o preço

O mundo inteiro estará vendo
O mundo inteiro estará vendo quando você ascender

O que você está esperando?
Pelo que você está lutando?
Pois tempo está sempre escapando
O mundo inteiro estará assistindo.
Sim, o mundo inteiro estará vendo quando você ascender"

~*~
Música:
"Whole world is watching" - Within Temptation feat. Piotr Rogucki.

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quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Sobre um sonho demasiadamente real

Eu estava andando pela cidade, o dia inteiro sem um itinerário certo. Então, encontrei uma face amiga:
- Olá, querida! Vamos dar uma volta comigo? Estou precisando achar umas coisas: roupas, maquiagens, que tal? Quer vir?
Eu, não tendo mais nada de interessante a fazer, fui. Era uma amiga minha de alguns tempos já, não vi mal nisso.
Andamos por horas, ela provando tudo que é tipo de maquiagem, perfume, roupa, sapato possível, e me fazendo experimentar também. Foi divertidíssimo!
Enfim, quando nos cansamos, ela sugeriu que fôssemos à casa de um amigo nosso, para conversarmos. Ao que me parece, eles já haviam combinado de se ver.
- Oi, gente! Vocês demoraram hein? Eu estou aqui com algumas bebidas e dois filmes incríveis pra assistirmos! - disse ele, ao abrir a porta.
- Ah, você conhece essa daí, né? Quando começa a ver UMA coisa, engata que é uma beleza em outras TRINTA! - eu disse, o abraçando como de costume e entrando. Logo me sentei de tão cansada.
- Olha, você não reclame! Se não fosse essa minha atitude, você compraria tudo numa loja só e sairia tudo mais caro! Estou sendo sua amiga, queridinha! - disse ela, empurrando a sacola de comida que compramos para levar.
Nós três nos divertíamos muito sempre, estando com outros amigos ou não por perto.
Assistimos aos filmes, bebemos, comemos sanduíches de queijo com brócolis, combinação sugerida por mim, todos amaram. Estava já noite alta quando ela sugeriu que fôssemos embora. Foi então que ele disse:
- Ah, por que vocês não ficam? Tem espaço pra todo mundo dormir aqui, eu posso ficar no sofá e vocês duas podem dormir no meu quarto, a cama é de casal, mas acho que não tem problema vocês dividirem né...
- Hummm que perigo eu e essa deusa na mesma cama! - disse ela, brincalhona como sempre.
- Difícil me segurar com você do meu lado, querida! - eu disse, entrando na brincadeira.
- Então está combinado! Vocês façam o que bem entenderem lá em cima que eu durmo aqui embaixo! - ele disse, rindo e já subindo para arrumar a cama pra nós duas.
Na manhã do dia seguinte, acordei com a luz do sol na minha cara. Sensação nada agradável. Virei-me para acordar minha amiga e irmos embora. Quando me virei, vi que era ele ao meu lado, e não ela. Eu então o acordei e perguntei o que estava acontecendo, como isso foi acontecer, ao que ele me disse que ela havia ido embora horas antes e ele decidiu ir dormir ao meu lado porque o sofá estava dando dores nas costas e no pescoço dele. Eu compreendi e tentei voltar a dormir, afinal era sábado e eu não trabalho tão cedo.
- Vou tomar um banho, tá? Qualquer coisa me grite! - ele disse, já saindo da cama. O quarto dele era uma suíte.
Eu então não consegui dormir mais. Virei-me para o criado-mudo e vi que havia uma fita cassete com o meu nome nela. Claro, eu me assustei. Havia uma televisão com vídeo cassete no quarto dele, então fui assistir. Pensei as piores coisas possíveis, como ele ter nos gravados dormindo, e coisas piores até... Até que vi a carinha dele toda feliz no vídeo:
- Oi, bom dia! Espero não ter te assustado muito, estou longe de querer isso... Quero que você se sinta o mais confortável possível. Aliás, dormiu bem? Bom, isso é uma gravação então você sabe, agora, que foi tudo planejado milimetricamente entre mim e a Valéria... Bem, eu estou aqui para dizer o quanto eu amo você e todos os porquês...
Eu não acreditava, não achava que seria possível que aquilo estava sendo direcionado a mim. Ele havia ido a um show de um cantor que ambos amamos, Hozier, e havia gravado várias partes de várias músicas que, para ele, lembravam a minha pessoa. Dedicações de músicas a mim. Letras lindas, como sempre... Hozier, não seria diferente.
Ele falava o quanto gostava de mim. O quanto esperou para poder dizer pra mim tudo aquilo, o quanto esperou o momento certo para se declarar, o momento em que eu deixasse de lado aquele que não me fazia bem havia meses já pra que eu estivesse aberta a quem realmente me amasse, com toda a sinceridade possível. Por fim, ele disse que haviam algumas coisas dentro do criado-
mudo que eu precisava ver.
Desliguei o vídeo na hora, me controlando muito para não chorar, e corri ao criado-mudo. Em cada gaveta, um cartão com poesias. Em cada gaveta, uma carta explicando o que ele sentia por mim. Com datas. Já havia um tempo que ele queria me contar tudo aquilo, o que confirmava que ele não me contava por conta de meu coração estar ligado a outra pessoa. Eu estava já quase chorando. Então encontrei um pacote meio tosco, embrulhado por ele talvez, que dizia: "Meg, minha amada Meg... Sim ou não?"
Abri vorazmente aquele pacote para encontrar dentro um vestido azul com listras pretas. Muito bonito... E foi então que desabei em lágrimas. 
Eu não imaginava que aquilo seria possível, que alguém pudesse gostar de mim tão intensamente assim. Foi uma surpresa muito feliz. 
Ele então saía do banho, estava de toalha ainda, quando o vi à porta do banheiro. Eu me levantei e fui na direção dele.
- Então, o que me diz? Se for não, me diz já porque daí eu volto pro vapor do banho!
Eu, que nunca havia sentido nada por ele, me senti plena com aquele amor todo que ele demonstrou ter. Olhei bem em seus olhos, limpei um pouco as lágrimas e meus lábios responderam juntando-se aos dele. 
Nunca me senti tão plena, tão amada em toda minha vida. Era como se ser como eu sou não fosse em vão, como se eu não estivesse amando sozinha mais. Como se houvesse alguém com quem eu pudesse compartilhar todo o amor que sempre sentira e essa pessoa não faria pouco caso. Senti-me eu mesma, sem medo de ser eu mesma. Ele aguentaria todo o amor que eu sentiria, e retribuiria.

~*~
Música:
"Cherry wine", Hozier.
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domingo, 2 de agosto de 2015

Lugar pra se morar?

Quem me conhece sabe que eu, desde que me mudei pra Assis em 2011, não tenho casa fixa. Mas se eu pudesse escolher onde morar, em qualquer lugar do mundo, não seria necessariamente um lugar. Seria em momentos, e principalmente em sentimentos.
Muitos anos atrás eu era uma pessoa muito triste. Vivia reclamando de tudo da vida, e quem estiver com dúvidas pode ver postagens dos primeiros anos do blog - são coisas cheias de negativismo, mas que me "ajudaram" de certa forma... E hoje vejo que eu sou uma pessoa que anseia pela vida, eu só estava procurando desesperadamente viver e não sabendo como.
Fato é que as relações hoje estão muito rasas, ao meu ver... E aquelas que tentam ser o mais intensas possíveis não conseguem de verdade sê-las - ou se conseguem, por vezes, são demasiadamente destrutivas. Vejo hoje como as coisas são frágeis, os sentimentos, as pessoas... As situações são delicadas... E como uma coisa que pode não ser nada pra mim pode ser tudo para outros.
Portanto, há alguns anos já, eu resolvi não deixar de viver um minuto sequer sem sentir cada coisa, cada pessoa, cada sentimento o máximo que eu puder e quiser sentir. E o o máximo de relação que eu puder ter com alguém, se a pessoa assim permitir, eu vou ter. No limite de cada um, eu vou vivendo nos meus extremos. Engraçado, não é? No limite de cada um, eu vivo meus extremos... Mas é assim que eu acho que as coisas deveriam ser: todo mundo vivendo seus extremos no limite que o outro suportar, aguentar a carga também.
Quando transbordo, e não é raro dependendo da situação, eu venho pra cá ou apelo pra poesia. E isso me ajuda. Não coloca uma carga emocional demasiada em outras pessoas que poderiam não aguentar.
"Nossa, mas você está sendo intensa demais, você nem é assim..." Por anos achei que não fosse. Pensei mesmo que era insensível demais. Mas chega um momento em que precisamos aceitar quem somos, abraçar nossas sombras e nossa claridade, e trabalhar em ambas para que haja um viver melhor. E eu sou sim intensa. E sabe por quê? Porque eu prefiro viver intensamente o que tem que ser vivido hoje do que esperar até amanhã pra ser feliz, pra tentar "ganhar a vida". A gente tem que ganhar a vida hoje! E ganhar a vida nem sempre, na verdade quase nunca, é fazer dinheiro: mas sim viver! Ter momentos bons com quem amamos! Quem quer que seja. 
A vida é curta e frágil demais pra que nos privemos de momentos felizes, por mais bobos que sejam, de estar com as pessoas. Percebi isso tarde demais, ao meu ver. Mas estou aprendendo com o tempo.
Por isso, se tiver que escolher "onde" morar, e esse onde não for restrito ao sentido de espaço físico, quero morar em minhas lembranças, em meus aprendizados, e principalmente, em meus sentimentos.

~*~
Música:
"Someone new", Hozier.
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segunda-feira, 27 de julho de 2015

O bichinho do teatro

"Fique perto de qualquer coisa que faça você feliz por estar vivo"

Estou aqui para falar hoje sobre o bichinho do teatro. Eita bichinho porreta! Chega do nada, por vezes, e te aferroa de uma forma que você simplesmente se vicia... E não consegue mais viver sem o mínimo que seja de teatro na vida!
Comigo foi assim. Foi lá por 2007, quando um amigo muito querido sugeriu que nós fizéssemos "O Fantasma da Ópera" na escola. Não lembro bem se foi realmente com isso, mas me lembro que foi com o livro d'"O Fantasma da Ópera" que pensamos em fazer cenas de "Macbeth" para o projeto do final de curso de inglês... Ah, ele com certeza era muito mais viciado no bicho do teatro do que eu na época... Tanto é que depois ele se dedicava muito mais às coisas relacionadas ao mesmo do que eu... Mas sei que eu não prestava muita atenção, e passei a prestar. Passei a querer entender e me questionar:
- Como é que aquele povo lá em cima pode ser mais de uma pessoa ao mesmo tempo?
- Como é que funciona esse fazer-se e desfazer-se do ator?
- Como isso tudo pode ser tão mágico e pleno?
E os questionamentos só foram aumentando com o tempo... Acredito que tenha sido em 2008 mesmo que entrei no Ponta de Linha, juntamente com o Paulo Victor, esse meu amigo que citei antes... Entramos por conta da apresentação do ano anterior e por conta da nossa então professora de canto, Etienne, que nos disse que havia um grupo na cidade, com o qual ela trabalhava, com vagas para as pessoas. Lá, conheci pessoas importantíssimas pra minha vida (não só teatral). Tive a oportunidade de conviver mais com minha tia, que fazia parte do grupo. Sei que eu e Paulo vimos como funcionava a produção de "Morte e vida severina", que minha tia a outros membros fizeram parte... E achei tudo aquilo muito mágico! Porque só tinha visto como espectadora, não como membro daquilo... E nossa, hoje em dia sei o quanto o espectador perde por não ver tudo o que há por trás e ao mesmo tempo sei como é mágico para o público não saber de tudo aquilo que há por trás.
Muitas coisas aprendi com o Ponta de Linha. Como se portar num grupo de teatro ou não. Como lidar com as pessoas num grupo ou não, o que fazer ou não... Foi tudo muito valioso. Naquela época, li um livro e meio do Stanislavski, que me foram muuuuitíssimo valiosos, e são até hoje! Queria ter lido mais livros que haviam disponíveis na nossa biblioteca do grupo, dentro da biblioteca municipal!
Bem, em 2010 eu saí, o grupo mesmo se desfez. Aprendi que é com sinceridade e dedicação que um grupo de teatro se mantém ou não.
No mesmo ano, na escola, eu e mais alguns alunos, pedimos ao diretor que trouxesse alguma professora de teatro. Ele trouxe. Não durou muito, mas apresentei o poema mais famoso de Carlos Drummond de Andrade - "No meio do caminho". Queria mesmo era ter interpretado "Na batucada da vida", música cantada por Elis Regina, mas vá lá. Tive meu gosto em interpretar um poema. Gostei muito, mas como eu disse, não durou muito.
Vim para Assis em 2011 e logo que entrei, o bichinho do teatro me picou novamente, sabendo que havia oficina de teatro na faculdade, fui logo atrás e arrastei algumas pessoas comigo. Entrei, então, para o Gru.t.a. Marginal, grupo com o qual eu tive o gosto do palco finalmente. Aprensentamos 5 vezes "Orion", tanto em Assis, quanto em outras cidades. E a sensação da produção e atuação nesta peça me vem até hoje como um sentimento muito bom de conquista, de saber que eu sou boa em alguma coisa - e também que eu poderia fazer maior, fazer melhor alguma coisa mais de uma vez. Sinto saudades da Quimera até hoje... Sou muito grata a todos que participaram do Gru.t.a. comigo e que participaram dele antes de mim e depois de mim... Creio que ele existiu até 2012 ou 2013. Tem uma história muito bonita e digna de memória. Mas durou o quanto tinha que durar, como o Ponta de Linha também.
Foi muito triste pra mim viver longe do teatro de 2012 a 2014, se bem que em 2012 eu, um antigo amigo e Luiz Bosco iniciamos um projeto com o finado e de curtíssimo período Grupo Ode. Foi uma pena, "Válvulas" seria incrível, mas infelizmente não deu pé. Coisas assim me fazem crer que cada coisa acontece no momento certo.
Bom, fiquei longe do bicho do teatro, então, mais ou menos de meados de 2012 até o fim do ano passado. E nossa, como isso me doeu. Vejo hoje que o teatro me fazia viva, me fazia feliz. E por isso voltei a fazer teatro, com o Cena Voraz, grupo daqui da cidade. Bendita a hora em que vi a postagem no grupo da UNESP que o Hedpo tinha postado. Bendita a hora! Foi como uma salvação pra minha alma voltar a fazer oficinas e agora essa semana... apresentar de novo! Apresentamos para o Mapa Cultural Paulista, o que nos classificou para as regionais, mas a estreia foi a estreia... Não existem palavras pra descrever o que é viver tudo isso... É algo de outro mundo!
"Nossa, mas você está exagerando, não é tudo isso". É tudo isso sim, e mais um pouco. É incrível ver a si mesmo em outra pele, ver a si mesmo não como você mesmo, mas como o personagem que você está fazendo. É indescritível encontrar partes de si mesmo em cada papel, e ainda assim, saber que não é você. A energia que flui entre as pessoas, quando estão em cena, é de outro mundo. É como se Dionísio realmente visitasse o corpo de cada um e trouxesse consigo a força de seu teatro e sua loucura!
Estou escrevendo esse texto para mostrar como o bichinho do teatro funciona em quem realmente dá a alma pro palco: é algo intensamente lindo. Capaz de infectar a plateia, com essa doença tal que não se assemelha com nenhuma outra, porque quanto mais você tem, mais você vive!
Sou muito grata a todos os grupos dos quais já fiz parte. Não foram muitos, é verdade. Mas em todos me senti plena. Me senti completamente eu mesma. Sinto pena pelos espetáculos que não ocorreram e sinto orgulho daqueles que participei, e sei que dei meu melhor. Espero dar o melhor de mim sempre, e novamente, e novamente de novo!
Vou terminar este texto com o trecho do filme "O Libertino", que traduz, sempre traduziu, o que sinto pelo teatro:

"- Pergunte a si mesma o que você quer do teatro.
- Eu quero o amor apaixonado da minha platéia, eu quero movimentar o meu braço e levar seus corações para longe. E quando eu morrer, que eles suspirem por nunca me verem novamente... até a próxima apresentação.
- Aí está sua resposta. Eu quero ser um dessa multidão. Desejo ser emocionado. Eu não consigo sentir na vida. Eu preciso ter outros para fazer isso por mim no teatro.
- Você é conhecido como um homem que anseia pela vida...
- Eu sou o cínico da nossa idade de ouro. Este prato abundante, que nosso grande Charles e nosso grande Deus têm, mais ou menos em mesma medida diante de nós, me irrita. A vida não tem propósito, está em toda parte desfeita por arbitrariedades. Eu faço isso, e não importa nenhum pouco se eu fizer o contrário. Mas no teatro, cada ação, boa ou má, tem suas consequências. Derrube um lenço e ele voltará para te sufocar. O teatro é minha droga, e minha doença está de tal forma avançada que o meu tratamento tem que ser da melhor qualidade."

E postei essa música d'O Teatro Mágico porque a letra dela é linda, acho muito profunda, e também por causa deste trecho:

"Quando há ferrugem no meu coração de lata
É quando a fé ruge, e o meu coração dilata"

É exatamente isso. Quando sinto que meu coração está longe daquilo que amo, quando sinto que estou me tornando mecânica, quando sinto que o teatro está longe de mim demais pra que eu aguente viver, eu procuro o que me faça viva. E, no meu caso, o teatro foi, é e sempre será meu maior e melhor tratamento psicológico. As pessoas envolvidas... Principalmente as pessoas envolvidas, graças aos deuses, sempre foram seres humanos incríveis, e de corações enormes. E sempre me fizeram querer viver cada vez mais. Por isso eu digo que tenho orgulho de fazer parte do Cena Voraz, assim como tive orgulho de trabalhar com o Paulo, orgulho de participar do Ponta de Linha e também do Gru.t.a.... E sinto muitas saudades desses que não existem mais.
Às vezes fazemos algumas coisas por fazer e acabamos descobrindo que nos sentimos melhores e maiores com elas. Essas são as melhores descobertas!

Evoé, Dionísio!
Que teu teatro seja sempre assim:
Capaz da Locura e do Amor
Capaz da Sabedoria e da Insensatez!
Evoé!
Abençoado seja teu teatro!

~*~
Música:
"Quando a fé ruge", O Teatro Mágico.
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terça-feira, 21 de julho de 2015

(Des)gastando amor, rolando nas sombras da noite

Madrugada alta já. Ela senta-se em frente à janela de sua casa, debruçada em mais um de seus textos longos e com um quê de incompreensíveis de sempre. 
Buscando inspiração para escrever sobre coisas que ela desde sempre sentira, e que estava disposta realmente a esquecer. Afinal de contas, as noites sem sono por conta de tudo aquilo resultaram inúteis - e que ela não se engane, nunca mudariam, sempre resultariam inúteis.
Ela coloca uma música para ouvir. Aquela que havia chamado sua atenção meses anteriormente. Sinal talvez? Bem, quem sabe. Talvez fosse. Hoje ela pensa que sim. Nesta madrugada fria de julho, ela pensa que sim.
Ela olha através de sua janela. Calmaria em sua rua. Nenhuma viv'alma para contar nenhum conto de terror que a inspire. Ninguém brigando para que a inspirasse a escrever um conto de violência e morte, regado a sangue. Nada, tudo muito calmo.
- Resultou inútil, novamente. Deveria parar de tentar escrever sobre ele. Sobre mim, sobre o que ele me causa... Tudo resulta inútil. - Ela pensava enquanto tomava mais um gole daquela bebida quase intragável de sempre.
Ela resolve, então, andar pela casa. Tudo soturnamente silencioso. Nenhum som. Ela sai. Caminha para o local onde sempre encontra seu refúgio: aquela árvore costumeira. Porém, desta vez, não há pôr-do-sol para iluminar nada. 
Ela roga aos céus para que uma luz seja dada em sua vida. Para que ela possa viver bem novamente, sem o medo incomensurável de mostrar o que tem dentro de si e afastar todos que estão em sua volta.
- É certo que assustaria muitos. O que tens de belo, minha amada, tens de amedrontador. É ao mesmo tempo intenso, belo, assustador e sufocante. Quem aguentaria? - Disse ele, chegando-se perto e a abraçando pela cintura, meio de lado, desajeitadamente.
"Modos novos", ela pensou, "talvez ele tenha conselhos novos para mim, talvez ele consiga me ajudar como sempre conseguiu".
- Mas, meu amado... O que eu faria se não fosse assim? Não conheço outro ser de mim mesma que não fosse assim! Tudo tão intenso, tão... sintomático! Não há agonia que não transparecesse em minha pele, você sabe bem disso...
Ele sabia, sempre soube, da natureza sentimental dela. É certo de que vez em quando as suas "avalanches tempestuosas" eram mais dolorosas do que o comum, mas ele sabia que naquele momento ela queria ser perene como um riacho, não imponente como uma cachoeira. Bem, pelo menos não nos sentimentos. Ela quer ser perene. Calma. Sutil.
- Meu amor... Não tenho o que te dizer. Sabes bem o que fazer. Não tens a onde fugir, então escolha aquilo que teu coração quiser fazer. Só peço-te uma coisa: não gastes amor com quem não o quer receber. Além de perda de tempo, é perda de vida... E perda de amor. 
Ela sabia que o amor que ela tinha em si era como um titã, um gigante infindo. Algo que consumia a si mesmo, de modo que fosse imortal por todo o sempre, e ao mesmo tempo, não dependia de ninguém. Ela sabe disso. Sabe que seu amor não necessita de reciprocidade para amar, porque simplesmente ela era feita da mesma essência que o amor, e este, como ela sabe bem, é viciante. E são necessárias doses cavalares diárias para que o vício seja mantido. Daí as "avalanches tempestuosas" que ela sofria. Hoje ela percebe isso.
Ela olha bem nos olhos dele. Olhos que a miram com admiração, cansaço, sofrimento, mas muito carinho também. Diz a si mesma que é hora de partir e não gastar mais seu amor com quem não tem estrutura para acolher um gigante deste porte e diz a ele:
- Meu amado, d'agora em diante, nada mais de aquários. Eu sou mar. Aquários não me comportam, eu quero nadar fundo. Chega de gastar meus dias com o vazio desses aquários rasos. Eu quero mergulhar até me afundar em amor. Nem que seja em amor por mim mesma. Nem que seja amor pelo amor. Porque disto eu tenho certeza: eu amo o amor. E isso me basta.
Ele olha profundamente nos olhos dela, então cheios de verdade, lágrimas e alegria, e a abraça, indo embora assim como chegou.
Ela volta à sua casa, ao seu quarto, senta-se em frente a seu computador e escreve o texto ao qual foi inspirada a escrever:

"Escrevo para mim e para ninguém
Amo para mim e ninguém
Amo porque para mim é preciso amar
Amo como ama o amor
Chega de voltar este sentimento a quem não o quer
Eu quero senti-lo
Quero vivê-lo
Quero, acima de tudo, sê-lo.

Que passem-se noites, madrugadas, tardes, dias...
Não haverá um dia em que não serei amor de alguma forma
A quem quer que seja
A quem quer que queira
Em todas as direções
Por todos os cantos
E serei a quem tiver a sensibilidade de ver
E sentir

Nos momentos em que me esquecer que sou amor
Haverá quem me rodeie de ódio
Para que me lembre o quanto devo ser amor
Para que ninguém mais seja ódio
Que nas garras dos falsos amores eu, que amor sou, não caia
E que eu perceba quando só quiserem se aproveitar de minha luz

Explodirei em cor, som, cheiro, toque...
A quem quer que sinta a necessidade
A quem quer que queira ver
Senão explodirei por amor contido!

Amo como ama o amor:
Despretensiosamente
Sem querer nada de volta
Pois o amor não exige nada:
O amor ama."

O galo canta. O sol nasce novamente. Sente-se cansada como nunca antes, pois encontrara seu objetivo na vida... Ser aquela que não tem medo de amar, não tem medo de se jogar, não tem medo de errar, sofrer, aprender e amar novamente. Ela deita-se com coração muito mais leve, e contente, que anteriormente.

~*~
Música:
"Wasting love" - Iron Maiden.

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quinta-feira, 23 de abril de 2015

Divagações

Um coração pode não suportar muitos golpes, mas com certeza ele aprende com eles e tenta se recompor. Afinal de contas, é um músculo, e pelo o que já ouvi dizer de músculos, quanto mais você o exercita, mais ele se desenvolve, fica torneado. Pro inferno com essa comparação! Nunca gostei de academias.
~*~
Ela se senta em frente ao computador todos os dias, tentando conectar-se no físico a pessoas que em outros planos já é conectada há muito tempo... muitos anos, eras, quem sabe...? Mas sabe que tudo isso tem sido inútil pra que se sinta bem consigo mesma. Ela sabe disso.
A água não tem mais gosto revitalizador de antes. O cigarro se tornou, mais do que nunca, um veneno avassalador. A comida... Ah, a comida: sem nenhum atrativo.
Ela escreve na janela de seu quarto. Consegue ver uns pingos de chuva caindo. "É a chuva do século, as coisas vão melhorar". Que nada, ela sabe que isso é ilusão: esperar naquilo que não se pode tocar, sentir, cheirar...
Alguém uma vez lhe disse que fosse forte. É fácil exigir dos outros aquilo que eles tentam e não conseguem ser.
- Tenta ser feliz assim, você consegue
- Força, você já aguentou tanta coisa!
- Logo passa, tudo passa nessa vida!
Mas para ela, parecia eterno. Um ano. Existe prazo para loucura? E para o mal estar do ser?
Como mensurar onde começa o desespero e onde começa a independência? É possível seguir sozinho sempre? Estamos realmente sozinhos? Se não, como sentir presença das pessoas constantemente?
Amor tornou-se inútil. Não o amor que devemos ter para com todos, mas aquele dos relacionamentos. Útil mesmo é se conhecer, amar-se acima das coisas. Principalmente acima das coisas, este mundo material é sim uma ilusão... 
Ilusão? O que se passa em nossas mentes é mero fruto nosso? Não somos nós co-criadores? Então, como definir a ilusão?
Ela pensava nessas coisas enquanto tomava um trago largo de água. Sim, água. Olhava a janela afora... Ela queria pertencer ao mundo, e ainda assim não o possuía.
- Destrua. Morra. Mate-se. E reinvente-se ao final
Ela ouvia a voz daquela que vinha para destruir... E ainda assim, restabelecer o equilíbrio do universo, das energias que o rondam. "Ensine-me a ser como tu, grande mãe negra!" Ela rogava dentro de si, e ao mesmo tempo em voz alta.
Sentimentos líquidos. Certezas ardentes. Era assim que era, é assim que sempre será.
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quinta-feira, 19 de março de 2015

"One and only"

Incrível como chegaste do nada para, ao que me aparenta, ficar para sempre. Pode ser que esse "para sempre" dure alguns anos somente... Mas será tão intenso, ao que creio, quanto fosse por vidas... 
Inimaginável como consegues fazer com o que sentia cá dentro crescesse com o tempo, e mesmo com toda essa distância...
Difícil dizer como isso foi acontecer, difícil colocar em palavras aquilo que sinto nesse instante... Mas te juro, meu amado, que é algo sincero e profundo. Sabes bem que sinto muito, e intensamente, e sabes bem como sou tola ao admitir isso, tanto para mim quanto para ti ou qualquer outro ser humano... Mas é o que sinto.
Assim como as sementes que são plantadas, regadas, e o terreno em que são plantadas é arejado e fertilizado por vez ou outra, sei que está a situação de nós dois. Não sei como será no futuro, mas sinto que agora está assim. Depende de vários fatores para que essa sementinha cresça e apareça. Depende de luz do sol, depende de água, depende da fertilidade do terreno... Mas se continuarmos como estamos, só tende a crescer... Cada dia mais.
Como, deuses? Como pode alguém que chega do nada, e do mesmo modo do nada nos arrebata o coração dessa forma rápida e louca? É engraçado... Mas acho que pedi por isso, não é mesmo? Haha!
Como sei que isso que sinto não é loucura nem besteira? Sei que te amo porque te quero feliz, te quero livre, assim como nos encontramos... lembra-se? Encontramo-nos ambos livres, segundo as bençãos de Dionísio... E quero que seja para sempre assim. Quero dividir plenitude para multiplicar liberdade e sentimento, nunca suprimir ninguém - porque já fiz isso e já sofri isso, e não quero a mais ninguém.
Quero que fiques bem aí, que ficarei bem aqui. Não sei dizer, temos uma certa ligação, você também sente? Espero que sim.
Sinto tua falta, mais do que nunca. E pensei que jamais sentiria. Coisa engraçada, não achas?
Deixemos o tempo agir, que como diz a música, é um dos deuses mais bonitos.

"Se eu estou em seu pensamento
Você lembra das palavras que digo
Se perde no tempo
Ao ouvir meu nome
Será que vou saber como é ter você por perto

E te ouvir dizer que vai comigo para o caminho que eu escolher?"

~*~
Música:
"One and only", Adele.
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sexta-feira, 6 de março de 2015

Soldado do amor


Como uma soldado do amor, continuo eu cá, sentindo cada coisinha sobre cada pessoinha que passa e se vai - ou fica de alguma forma - na minha vida. 
Isso não é ruim, isso não é doloroso. Costumava pensar que era péssimo, viver assim não sendo correspondida. Mas como disse um amigo muito amado meu, quem tem amor, tem amor. Tem ele dentro de si e perde aquele que não sente o mesmo ou não sabe receber esse amor. E é verdade.
Cá fico eu, emanando amor para lados diferentes, distantes, mas ao mesmo tempo para lados que era óbvio que eu emanaria... E sem pedir nada em troca. 
Por muito tempo eu achava ser certo e de direito que exigisse isso. Hoje em dia sei que o amor que temos é só nosso, não dos outros. E isso não é egoísmo, é demonstração de que cada um sente de uma forma e que não é possível nem certo exigir o mesmo de quem quer que seja. E se sentir bem por isso. Perceber que sabendo disso, amamo-nos mais, paradoxalmente talvez.
Portanto, não se sinta mal caso te ame. Existem várias formas de amor e de amar. Cabe a cada um saber receber isso ou não. 
Quanto a mim, eu não exijo nada em troca. Caso seu coração decida sentar ao lado do meu em algumas tardes, noites, madrugadas... escolha dele. E claro, ficarei feliz.
Meu objetivo maior nessa vida é amar. E aprender cada vez mais isso. Assim que aprendi a prestar atenção aos outros e a mim mesma. E assim é que tem que ser.

"As armas que você está usando estão me machucando seriamente
Mas algum dia você vai se recuar
Porque o meu amor, baby, é o mais sincero que você já teve
Eu sou um soldado do amor que é difícil de derrotar

Abaixe suas armas e renda-se a mim
Abaixe suas armas e me ame pacificamente, sim
Use seus braços para me abraçar bem apertado
Baby, eu não quero lutar mais"

~*~
Música:
"Soldier of love", Pearl Jam.
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quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

"I burn a fire of love, over and over"


 - Queria ser daquelas pessoas que não se abalam por nada! Que nunca têm tempo ruim pra coisa alguma! Por certos períodos eu sou assim, mas por algum motivo eu sempre volto a ter alguma frustração... Por quê eu sou assim?
Ela contava as folhas da árvore embaixo da qual estava deitada, tentando colocar seus pensamentos em ordem, como sempre. As folhas se moviam vagarosamente, elegantemente, como se soubessem que foram feitas justamente para isso e fizessem seu trabalho de forma precisa e amorosa. "Queria eu ser assim! Quisera eu estar fazendo aquilo que fui feita para fazer!", ela pensava enquanto tentava acompanhar com as mãos os movimentos de uma folha em específico.
- Que estás reclamando, meu amor? Já perdeste o fogo que te consumia meses atrás, com vontade e fome de continuar os projetos iniciados? - Ele sentou-se a seu lado, e ficou olhando nos olhos dela, tentando decifrar o que havia ocorrido.
- Ah, meu amado... É tão difícil insistir em coisas que começamos sem que realmente quiséssemos aquilo... Você sabe mais do que eu como é difícil pra mim continuar coisas que não amo de toda a alma, com todo o coração... Sabe muito bem! - Ela foi mais enfática nesta parte, devido aos acontecimentos passados que confirmavam o que ela acabara de dizer.
Ele sabia muito bem que ela se perdia quando não fazia aquilo que amava, quando não fazia aquilo que acrescentasse à sua alma. Ela simplesmente fora feita para fazer outra coisa, não aquela que estava fazendo. E isso a frustrava demais. Desta vez, ele não sabia muito bem o que dizer a ela. Estava realmente inclinado a dizer que ela deveria parar tudo e enfrentar a jornada a qual ela fora feita para seguir, a jornada de sua alma.
Como tudo o que ela já passara, isso a afetava muito. Ela já havia observado que tudo aquilo que ela ama acaba encontrando um caminho para encontrá-la, ou então para que ela encontre essa tal coisa. E pensava realmente que era só uma questão de tempo até que aquilo que ela realmente gosta de fazer a encontrasse - ou ela mesma fizesse com que acontecesse.
- É um eterno retorno, entende? Todas as coisas que eu amo, voltam pra mim, de uma forma ou de outra. Ou então eu corro para elas, insistentemente e inacabavelmente. Eu digo isso, custo a acreditar que é verdade, mas é a verdade: eu sou feita para amar. Se eu não amar, não funciona, não segue rumo, não desenvolve. Mas tem que ser um amor incondicional. Se não for, não desenvolve, não segue o fluxo. Entende, meu amado? Eu simplesmente não consigo mais insistir! São 3 anos de insistência já!!! - Ela sentou-se rapidamente, com indignação. Os olhos saltados, grandes, tão enormes em urgências de vida e sentimento que ele mesmo se assustou.
Ele percebia que ela quase não precisava mais dele para entender a si mesma. Talvez estivesse chegando o tempo dele ir embora de vez de sua vida... Mas isso ele decidiria depois de mais algumas visitas. No momento ele estava tentando decidir aquilo que dizer a ela, sem que a deixasse mais perturbada e preocupada ainda.
- Sabes bem aquilo que teu coração necessita. Eu quase não sei o que te dizer... Sinceramente, meu amor, faça aquilo que teu coração te disser para fazer. Eu não sou o primeiro, e nem serei o último, a te dizer para seguir este músculo que lhe guia em tudo que tens de fazer. Pode ser que no passado não tenham lhe incentivado, mas sabes o que queres. E como te conheço bem, sei que irás atrás caso precises, e realizarás aquilo que tua alma necessita. - ele olhou ternamente para ela, com um amor transparente feito água de cachoeira - E eu te amo por isso. És tão forte e nem percebes... Queria que visses a si mesma com meus olhos, como havia te pedido, anos atrás...
Ele a abraçou tão forte e tão carinhosamente que ela sentiu-se dentro dele. Sentiu-se aconchegada como nunca antes, numa paz tão grande e gratificante que desabou-se a chorar. Feito uma criança que acaba de machucar os joelhos e logo em seguida a mãe lhe pega no colo para desafogar das lágrimas. Sentiu-se acolhida, enfim.
- Meu amado... Obrigada por existir em minha vida! - ela levantou-se - Agora eu que preciso ir. Preciso me recolher, juntar meus cacos e me refazer.
- É assim que se fala! - Ele sorriu para ela com ternura.
Assim que se despediram com os olhares, ele a viu ir embora, com o andar determinado, porém ainda um pouco triste. Ela parou perto da colina, para olhar para trás, pois sentia o olhar dele. Assim que virou-se, ele não estava mais lá. Via a árvore balançando suas folhas. Sabia que tinha que tornar-se como ela: firme, com raízes fortes, lembrando das mesmas e sabendo que elas têm de existir para que ela possa crescer e ter uma copa folheada como aquela, com folhas verdejantes e que se moviam elegantemente. Sabia que desenvolvendo suas raízes, ela poderia crescer em força, beleza e esplendor, e que para isso precisaria alimentar-se das fontes mais profundas da terra, de si mesma. Ela precisaria amar-se ainda mais. Ela precisaria conhecer-se ainda mais, saber de suas capacidades e expandir.
"É assim que se fala!", ela ouviu enquanto voltava a caminhar. Sorriu feito criança.

~*~

"Às vezes eu saio de cena silenciosamente
Lentamente eu me perco, repetidas vezes
Conforto-me na minha pele, continuamente
Renda-se à minha vontade, por toda a eternidade

Eu me dissolvo na confiança
Eu vou cantar com alegria
Eu vou acabar em poeira
Eu estou no céu

Fico sob os raios dourados, radiantemente
Queimo um fogo de amor, repetidas vezes
Refletindo uma luz infinita, incansavelmente
Eu abracei a chama, por toda a eternidade

Eu vou gritar uma palavra
Pularei no vazio
Eu vou guiar o mundo
Para o céu" - "Heaven", Depeche Mode


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quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Louca dos gatos


Existem coisas que aprendemos com a convivência com pessoas, mas acho que algumas das mais profundas experiências que podemos ter são as com animais.
Desde pequena eu quis ter um gato. Lembro-me como se tivesse sido ontem: peguei um gato na rua, ele era branco com algumas manchas pretas, e coloquei-o dentro de uma caixinha. Lá, eu estava dando leite para ele beber quando meu irmão percebeu e, como ele não gostava de gatos, resolveu jogá-lo de dentro de casa para o outro lado da rua. Meu coração doeu muito. Dias depois eu vi o mesmo gato correndo na rua, estava muito arisco, creio que pegou trauma de mim, e principalmente do meu irmão. 
Depois disso eu não quis mais saber de gatos - peguei até certo ódio, influenciada por meu irmão e outras pessoas que não gostavam.
Anos se passaram. Vim estudar na UNESP de Assis, que tem o campus lotado de nada mais nada menos que... gatos! Aí comecei a ter amizade com uma menina que amava gatos... E reaprendi a amá-los, a ver que não há porque ter preconceito contra eles.
Então, em 2012, comecei a namorar um rapaz que também amava gatos. Aí eu virei, literalmente a louca dos gatos... haha! 
Nesse mesmo ano, adotei minha primeira gata, a Mônica. Da convivência com ela eu aprendi muitas coisas... Aprendi o que é ter instinto materno, o que é se defender, o que é amar de verdade aqueles que se importam com você também. Aprendi com a Mô que você tem que se defender e não deixar que os outros se aproveitem de você, porque ela se defende e já se defendeu de cada coisa... haha! Também aprendi com ela que é preciso ser feliz, mesmo nas coisas mais bobas que a vida nos dá.
Depois da Mônica, adotei muitos gatos. Mas dos que agora convivem diretamente comigo, o Benny é outro que se destaca por me mostrar muitas coisas. Ele é filho da primeira cria da Mônica. Ele me mostrou o que é amar outro ser. Amar plenamente, incondicionalmente. Se vocês convivessem com o Benny, vocês veriam o quanto ele é capaz de carinho, gratidão, reciprocidade... É uma coisa linda, que eu nunca esperei ver na vida. E ele sente ciúmes também, é muito engraçado quando eu chamo a Mônica, ela vem, ele percebe, e vem correndo pra pedir carinho também. Ele demonstra que gosta com o corpo inteiro. Isso é lindo, é mágico de uma forma que eu não sei explicar.
De forma geral, da convivência com os gatos que já passaram pela minha vida, eu aprendi que ninguém é de ninguém, que a gente escolhe viver com aqueles que mais nos falam ao coração. Ou à razão, se preferirem. Mas acho que é conviver com quem nos fala ao coração mesmo, porque tem muitas coisas envolvidas... Tem o sentir de cada um, o viver de cada um... Tantas outras coisas profundas que nos aproximam ou afastam. E não ser dono de ninguém é algo que aprendi a duras penas, mas aprendi principalmente observando e convivendo com gatos. Eles vêm até nós quando sentem que devem, e se afeiçoam àqueles que dão abertura de não possui-los, não colocá-los numa caixinha escrita "propriedade de fulano, não toque".
Outra coisa que aprendi foi que gatos são extremamente sensitivos. Eles sentem quando não estamos bem, aproximam-se de nós e tentam nos alegrar. Enfim, sentem as coisas como nós, humanos, sentimos. 
Por todos esses motivos eu digo: sou a louca dos gatos e com muito orgulho! Espero aprender cada dia mais com esses bichinhos tão lindos que caminham do nosso lado... E que eu aprenda com os outros tantos bichinhos que nos rodeiam!
A música que coloquei abaixo retrata bastante a minha relação com meus gatos... haha! Porque como todo ser, eles se irritam, e quando se irritam, os arranhões doem! haha!

"Eu deixei o norte
Eu viajei para o sul
Achei uma casa minúscula
E eu não posso evitar o que sinto
Oh sim, você pode me chutar
E você pode me socar
E você pode quebrar minha cara
Mas você não vai mudar o que eu sinto
Porque eu te amo

Isso é mesmo tão estranho?
Oh, isso é mesmo tão estranho?
Oh, isso é tão, isso é tão estranho assim?
Eu digo "não", você diz "sim"

(Mas você vai mudar de ideia)"


~*~
Música:
"Is it really so strange?", The Smiths.
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domingo, 15 de fevereiro de 2015

Das impossibilidades em te esquecer ou deixar de lado


Posso não ter você em meu olhar, 
Mas tenho você no meu respirar

Posso não ter você em meus braços,
Mas tenho você em meu regaço

Posso não ter você em minha frente,
Tal qual ao poeta a Musa,
Porém para mim é indiferente
Tenho você em toda música

E tenho você em cada estrofe
Em cada verso
Em cada nota
Em cada tom...
Em cada pulsar do meu corpo
Embalado pelas músicas que me lembram você
Verdadeira sinestesia entre audição, paladar e tato!

Posso não ter seu coração,
Mas você sempre estará nele
Independentemente de você querer
Ou não.

Não se assuste,
Não é obsessão
É só amor sem medida
Que transborda de mim
Sem pedir nada em troca
A não ser que você se cuide bem, sempre...

~*~
Música:
"Frevo por acaso", Cícero.

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