"Há tantos anos me perdi de vista que hesito em procurar me encontrar. Estou com medo de começar. Existir me dá às vezes tal taquicardia. Eu tenho tanto medo de ser eu. Sou tão perigoso. Me deram um nome e me alienaram de mim." - Clarice Lispector.

sábado, 30 de julho de 2011

Essa mulher me traduz!

"Sou dramática, intensa, transitória e tenho uma alegria em mim que quase me deixa exausta. Eu sei sorrir com os olhos e gargalhar com o corpo todo. Eu sei chorar toda encolhida abraçando as pernas. Por isso, não me venha com meios-termos, com mais ou menos qualquer coisa. Venha a mim com corpo, alma, vísceras, e falta de ar..."


- Clarice Lispector.
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domingo, 24 de julho de 2011

Jornada: "Won't you get me off of this street?"

Valkíria, após partir de casa, dirigira por horas a fio até que a estrada ficou completamente na escuridão. É verdade que ela não queria ter feito o que fez, mas já era hora de mudar toda a sua vida, hora de dar um rumo diferente àquele que seus pais queriam que ela tomasse. E essa viagem repentina de férias seria um ótimo escape, um ótimo modo de arrumar sua cabeça...
Ela dirigiu até encontrar um motel onde poderia passar a noite. Quando lá entrou, a recepcionista logo percebeu seus olhos inchados de chorar e perguntou:
- Senhorita, você está bem? Quer ajuda?
Valkíria tirou a mochila das costas e a colocou no chão. Fungando rapidamente, tirou a carteira do bolso traseiro da calça e disse:
- Estou bem sim... Você poderia por favor me dizer quanto custa uma noite aqui?
A moça achou estranha a reação de Valkíria, mas disse a ela o preço, e ela prontamente pagou a quantia necessária. É certo que ficaria sem dinheiro para comer, mas para ela era mais importante dormir nesse momento. Com as experiências anteriores ela aprendera que o sono é um bom substituto para a fome.
N'outro dia, Valkíria arrumou suas malas, bem cedo, e foi embora. Pegou a estrada para o sul, sem um rumo certo. Chorava enquanto dirigia. Suas lágrimas eram varridas pelo vento que causava enquanto dirigia a moto. Depois de certo tempo, ela viu que seu tanque estava de esvaziando. Avistou à frente um posto de gasolina e resolveu nele parar. "Está na hora mesmo de ver se consigo comer alguma coisa... Mesmo que seja algo muito gorduroso, e que por isso mesmo é barato pra caramba..."
Ela parou sua moto e pediu ao frentista que a abastecesse. Enquanto sua moto era abastecida pelo frentista, que se mostrou muito prestativo e simpático, ela adentrou a loja de conveniências. Lá ela viu umas cinco ou seis pessoas - não estava prestando atenção nas pessoas, mas sim nas coisas - e dirigiu-se ao balcão de uma pequena lanchonetezinha dali. Assim que se sentou, pediu imediantamente um cachorro quente do mais barato que houvesse. O atendente riu do pedido, mas logo percebeu o rosto triste da menina e levou o pedido a sério, perguntando se ela iria querer algum acompanhamento, como um suco ou refirgerante.
- Não, moço. Só quero o cachorro quente mesmo, por favor.
Um rapaz que estava sentado ao seu lado e prestara atenção em Valkíria desde a sua chegada olhou de soslaio para a menina. Ele era alto, cabelos um pouco compridos e castanhos, olhos da mesma cor, porte físico um tanto quanto atlético, porém não atlético de academia, mas sim, natural. Ele estava olhando profundamente para Valkíria, que estava entretida com o seu mp3, procurando alguma música dos Strokes. Ele achara muito estranho o pedido da menina, mas logo notou que ela era universitária, pois vira em sua bolsa um chaveiro da faculdade dela. Ele era também universitário, então entendeu o pedido feito. Oras, ele também estava na pior. Havia meses que só comia miojo. "Compreensível esse pedido dela... Até eu pediria, se não estivesse com muuita fome..."
Valkíria, muito de repente, percebeu que era observada, e ficou com medo. Não muito medo, mas com receio. Receio de que o rapaz fosse um psicopata ou coisa do tipo. Ela resolveu olhar de volta para ele e perguntar, olhando nos olhos dele, como sempre gostava de conversar com as pessoas, o que ele estava procurando nela que tanto mantinha o olhar dele nela. Quando virou-se para perguntar, ele disse:
- Oi, tudo bem? Meu nome é Bruno, prazer em conhecê-la... - e estendeu a mão para ela.
Ela achou muito estranha a reação do rapaz, mas estendeu a mão de volta e apertou a mão dele, um tanto que receosa.
- Olá... Meu nome é Valkíria... Por que você olha tanto pra mim? Me parece que desde que eu cheguei você não olha em outra direção. Algum problema?
- Opa, opa... calma, moça! Vamos nos desarmar! - ele deu risada - Eu realmente estava olhando para você, mas é porque eu... Bom, não há um motivo exato pra se olhar pra alguém interessante, você me deixou em maus lençóis, Valkíria... - ambos riram - Eu percebi que você é estudante... É muito boa a sua faculdade... Que curso você faz lá?
Ele olhou na direção do chaveiro da mala de Valkíria. Ela, mecanicamente, também olhou:
- Ah, sim... É muito boa mesmo! eu faço História lá... Você não tem cara de que já trabalha... você também é estudante?
- Nossa, você é direta, hein? - Ele riu-se - Sim, eu sou estudante. Estudo na mesma faculdade que você, só que faço Engenharia Elétrica... E o que você faz perdida por essas bandas, tão longe do campus?
- Eu estou numa viagem de férias. Não é nada demais, sabe... Só quero espairecer um pouco... - o atendente chegou com o pedido e entregou-o a Valkíria, que deu uma boa mordida no cachorro quente.
- Hm.. Interessante... E você esteve chorando de emoção pela viagem? - perguntou o rapaz, com os olhos bem cravados nos olhos de Valkíria.
A menina levantou os olhos ainda um pouco inchados para Bruno e encarou-o. Achara muito estranho ele ter percebido que havia chorado, se bem que ela sempre deixava bem claro seus sentimentos pelo olhar e pelas ações e gestos. Mas achara estranho ele dar atenção a este fato. Ela limpou a boca e disse:
- Bem, eu acho que não quero falar sobre isso com um estranho...
- Mas se eu sou um estranho, por que não falar? Afinal, se eu sou um estranho, você nunca mais vai me encontrar, e, portanto, não haverá constrangimento: afinal, você nunca mais me encontrará. Logo... Pode me dizer. É claro, se você quiser.
Valkíria não entendera muito bem por que um estranho como Bruno se interessara nela, e muito menos por que desejava saber dos seus problemas. Mas, como ele havia dito, não via problema em se abrir para um desconhecido que se interessava, pelo menos aparentemente, por seus problemas.
Ela largou o cachorro quente e virou-se de lado para ficar de frente para Bruno.
- Bem, se você pretende mesmo ouvir, ser paciente, e tentar entender a minha realidade, aqui fica meu conselho, como conhecedora da minha própria vida: isso não será nada interessante, muito menos emocionante e sequer você é obrigado a ouvir. Assim que ficar entediado, me diga que eu paro.
- Uou, garota. Como você se subestima. Todos que prendem a minha atenção por mais de dois minutos são interessantes e normalmente não me decepcionam com suas histórias de vida. E mesmo que você esteja, com isso que disse, tentando me afastar, fazer com que eu me desinteresse e não mais fale com você, perde seu tempo. Agora mesmo é que me interessei pela senhorita.
Essa fala deixou Valkíria estonteada. Esse estranho realmente a interessara. Ela, então, explicou toda a sua situação. Explicou, ainda, o por que dela estar chorando - receio de ter tomado a decisão errada, de ter se enganado profundamente e não ter mais coragem para voltar pra casa depois disso.
- Entendo... Bom, Valkíria, o que eu posso te falar é que eu concordo com você. Quando não se está feliz com algo que acontece na sua vida, é preciso realmente procurar mudar isso. E errar e ter medo de errar é normal, é comum. Pelo menos é o que eu acho. Eu errei muito já. Já fiz várias escolhas erradas, como, por exemplo, acreditar numa ex-namorada que se dizia louca por mim, quando, na verdade, ela só estava louca pelo conforto que eu proporcionava a ela. E é por isso que eu, nessas férias, estou como você. Eu estou aqui pelo mesmo motivo que você: querendo espairecer, colocar as ideias no lugar, entender como eu vim parar nessa situação e como eu posso sair dela.
- Nossa, não imaginava que você também havia fugido de casa. Sério, você não parece um cara que faria isso... - ela riu-se.
- É o que todos acham. E é por isso que eu o fiz em grande estilo: mandei todos pra puta que os pariu e fugi com a minha moto! - eles riram-se.
O pedido de Bruno chegou e ele logo começou a comer. Era um lanche enorme, muito maior que o de Valkíria. Ela ficou espantada com o pedido de Bruno e ele percebera.
- Eu entendo o seu espanto e já explico: não aguento mais miojo e quis comer o maior lanche dessa lanchonete porque estou com muita, mas muuita fome. Se não tivesse muito dinheiro, como imagino que você esteja, eu também pediria um cachorro quente!
- Ah, me desculpe, eu não consigo disfarçar minhas reações às coisas... - ela riu-se.
Ambos gostaram muito de se conhecer e passaram desde a hora do almoço - hora em que Valkíria chegara ao posto de gasolina - até umas 16h.
Quando Valkíria ia se despedir de Bruno, ele a segurou pelo braço:
- Peraí... eu queria te perguntar uma coisa...
- Pode dizer, Bruno. - ela se sentou novamente.
- Já que nós dois estamos na mesma situação, que tal se nós dois fôssemos viajar juntos? Assim, eu penso que nós podemos nos divertir muito, como nos divertimos nessa tarde. O que você acha?
Valkíria ficou olhando nos olhos de Bruno. Ele fora sincero desde o momento em que se conheceram, e ela pensava que não seria de todo ruim ter companhia nessa viagem sem destino.
- Ah, não seria má ideia. Pelo menos nós teremos ajuda um do outro se alguém precisar. Aceito sim.
Bruno sorriu, limpou a boca, pagou seu lache e eles foram embora do posto de gasolina, rumando sul, e conversando divertidamente. O pôr-do-sol desse dia fora feliz para Valkíria. E também para Bruno.
~*~
Música:
"No money"
- Kings of Leon.
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quinta-feira, 14 de julho de 2011

Jornada


Brigas e mais brigas. Era tudo o que ela presenciava e vivia. Brigas com seu pai, com sua mãe, com seus irmãos. Seu pai sempre lhe dizendo o que fazer, não na vida pessoal, mas na carreira que ela deveria seguir. Sua mãe sempre lhe dizendo como agir com garotos, o que fazer e o que não fazer, como ser submissa e ainda assim ter o controle da situação - o blá-blá-blá que ela já estava cheia. Seus irmãos, todos mais velhos, sempre sendo o exemplo da família: o mais velho dos três, um advogado de renome. O do meio, um universitário promissor, que mais a controlava do que qualquer outra coisa. Ela pensava até que isso era meio que... sem sentido, porque na universidade você tende a abrir a mente. Ela mesma era universitária - caloura, é verdade, mas tinha a mente mais aberta do que seu irmão que já cursava o terceiro ano de Jornalismo. Bom, vocês devem estar se perguntando quem diabos é essa menina e por que eu comecei a falar logo dos problemas dela. Certo, essa menina era uma menina que ouvia muita música, de todos os estilos, mas o seu preferido era o rock. Seja ele de qual variação for! Mas a sua variação preferida era, sem dúvidas, o indie rock. Ela tinha uma tatuagem de borboleta no ombro esquerdo, tinha o cabelo comprido, ruivo e cacheado; ela era alta, seus olhos castanhos, e tinha uma ânsia de liberdade enorme em seu coração. É o máximo que eu posso falar dela nesse momento. Conforme a história for se desenvolvendo, eu conto mais sobre ela. Detalhe: ela tinha um dos bens ganhados pelo pai dela que ela mais amava no mundo: uma moto. Uma Harley-Davidson FXDSE2 de 2008. Bem, é certo que não é uma moto barata, pois é importada. Mas foi um presente de 18 anos para ela, no ano passado. Seu pai havia salvado bastante dinheiro para dar a ela uma festa, mas ela quis comemorar tirando uma carta e ganhando uma moto.
Bem, agora já estão devidamente apresentados à protagonista, que chama-se Valkíria. Ela estava farta de toda essa pressão sobre sua cabeça. Queria que tudo se explodisse, que tudo e todos fossem à merda em grande estilo e de lá não voltassem antes que o sol engolisse a Terra inteira. Sim, ela era revoltada com todos. Por um simples motivo: mesmo ela vivendo numa cidade diferente que a dela, estudando, trabalhando todas a noites pra conseguir viver sem um tostão que viesse do seu pai, ela sempre recebia sermões e mais sermões de todos. Por quê? Por que ela era mente aberta, ela buscava entender as razões das coisas, e por isso ela ficou meio que cética... Meio que duvidosa de tudo. Entãos os dogmas da sua família não eram o sufuciente pra responder a todas as suas perguntas, e ela começou a questionar. Assim que começou, as brigas ficaram mais intensas. Eles já não aceitavam o seu modo de se vestir, de se portar com as situações e as pessoas. Só porque ela gostava mais de vestir-se com roupas casuais, mais escuras, ela era uma renegada? Uma excluída da sociedade? Só porque ela curtia usar um olho mais preto ela era esquisita? Estranha? Só porque ela é que sempre tomava as iniciativas quando se tratava de amor ela era atirada? Ela disse pra si mesma que não.
Certa tarde, enquanto lavava sua moto, uma tarde de férias, posto que estava em casa, seu pai chegou até ela e perguntou:

- Valkíria, quando você vai parar de andar desse jeito e ter essas ideias infundamentadas? Eu estou falando isso pro seu bem...!

Valkíria, que lavava a moto com seu mp3 ao ouvido, disse, tirando-o do ouvido:

- Que, pai? Não ouvi...

- Eu perguntei quando você vai parar com essa palhaçada e vai começar a se portar como a mulher que eu e sua mãe criamos pra que você fosse. Alguém que entendesse as coisas de nossa religião e as aceitasse, não que ficasse de lero-lero, questionando tudo, sendo revoltada, alegando que só procura entender as coisas... Oras, o que se há pra entender é o que nós te ensinamos!

Ela não acreditou nessa revolta repentina de seu pai. Ele sempre parecera tão calmo, tão compreensivo. Mas essa não era a primeira vez que ele vinha falar com ela sobre isso. Era somente a mais incisiva. E ela, claro, coração incitador e irritado que era o dela, não aceitou.

- Pai, só um momento... Eu não me porto como uma criança, se é o que você pensa que eu sou. E eu tenho minhas próprias crenças, me desculpe! Eu entendo, compreendo muito bem a religião de vocês, e respeito. Mas não me obrigue a ser o que eu não quero ser. Poxa, eu nunca insultei niguém sendo como eu sou. Muito pelo contrário. E vocês me ensinaram bem a ser uma mulher digna, se é o que você queria dizer com "mulher que vocês criaram pra que eu fosse". Poxa, pai! O que você pensa de mim?

- Eu não sei mais o que pensar... nessa faculdade sua aí muitos dos seus pensamentos vão mudar, é o ciclo natural de quem faz esse curso. Não sou eu quem digo, mas sim o que eu vejo na maioria dos lugares. E tem essa coisa de você gostar dos hippies aí... isso não me cheira a coisa boa...

Valkíria, nesse momento, se revoltou. "O quê? ele está pensando que eu sou hippie? Que eu uso drogas? É isso?". Ela largou a mangueira que segurava, desligou-a, enxugou as mãos num pano em que ela secaria a moto e, colocando uma das mãos na cintura, olhou bem no fundo dos olhos de seu pai e perguntou:

- O senhor está ensinuando que eu uso drogas? Que eu não faço nada na faculdade? O senhor sabe muito bem que eu trabalho!! E mais: pra que o senhor não tenha nenhum gasto a mais comigo.
- Eu não quis dizer isso, eu só me preocupo! - Ele disse, meio que sem jeito - Eu sou seu pai, preciso me preocupar, Valkíria.

- Isso pra mim é falta de confiança. Tô vazando.

Dizendo isso, entrou em casa rapidamente. Fez as suas malas que há pouquíssimos dias desarrumara, pois havia chegado de viagem. Na passagem, trombou com sua mãe, que disse:

- Ué, menina, tá louca? Sai passando que nem um jato por todo mundo, passando por cima, que isso! Além de maloqueira tá agressiva também?

Ela simplesmente parou e virou-se com ódio nos olhos:
- Pro inferno com o que você acha de mim! Eu não preciso nem de você nem do meu pai. Eu cuido do meu próprio nariz e estou farta de vocês dois se metendo dessa forma na minha vida! Aliás, eu estou cheia de você, do meu pai, do Guilherme e do Júlio. Todos querendo se meter na minha vida! Todos quer
endo se meter! Porra, eu ganho meu próprio dinheiro e não preciso de vocês pra cuidar da minha vida! Essas brigas por causa dessas banalidades imbecis acabam aqui. Eu estou indo embora de vez! Já não tenho quase nada nessa merda dessa casa mesmo, então não vou precisar voltar... - e seguiu subindo as escadas pro seu quarto.
- Menina, volte já aqui! Que falta de respeito é essa com seus pais?! Lembre-se que nós somos a sua família, quer você queira ou não!! - gritou a mãe, lá de baixo, por sua vez.

Valkíria voltou com uma mala às costas e disse, já saindo:

- Olha só, eu sei que eu posso estar me arrependendo ao fazer isso. Vocês sempre terão um lugar no meu coração. Eu amo vocês, porcaria! Mas, me desculpem, eu não posso mais continuar aqui. Eu vou fazer uma viagem nessas férias. Uma viagem pra qualquer lugar, não sei! E não importa pra vocês! Só fiquem sabendo que essa viagem é um jeito de dizer que eu sou como eu sou e nada vai mudar isso. Eu só vou mudar se assim achar necessário. E não, pai. Estar fazendo História não vai mudar minha cabeça assim tão drasticamente. Até porque as mudanças que aconteceram foram anteriores à faculdade. Tchau pra vocês.

Pegou seu capacete e foi saindo de casa. Quando subiu à moto, seu pai e sua mãe foram angustiados para fora de casa ver sua partida.

- Mas, minha filha, pra onde você vai? Como você vai comer? Onde você vai dormir? Por que você está tomando medidas tão drásticas assim? - o pai perguntava.

- Porque vocês tomam medidas mais drásticas do que essas. E eu estou farta de tudo isso. Não se preocupem, eu vou me virar. Sempre fui boa nisso.

Ela colocou o mp3 no ouvido, colocou o capacete e roncou o motor da moto. Tudo o que seus pais tiveram dela foi a visão dela arrancando de moto rumo ao pôr-do-sol.

~*~

Música:
"The End" - Kings of Leon.
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domingo, 10 de julho de 2011

Isso foi meio "Bonnie e Clyde", ou foi só impressão minha?


Sabe, ela percebeu tarde demais que se aproximar nem sempre é a melhor escolha. Às vezes os caras só querem que você se aproxime deles por carência, uma vontade enorme de ter novos amigos. E as pretensões iniciais se transformaram, tornaram-se outras... Tudo por quê? Porque ela se afastou, ela não deu a chance que deveria ter dado desde o início.
Sim, ela descobriu tarde demais, por conta do medo que antes a dominava, que eles tinham tudo pra dar certo: foi atração mútua. Não estou falando aqui de sentimentos, mas sim de química, ou sei lá o que vocês chamam o "tesão", pra não falar essa palavra tãão cheia de tabus. Pronto, falei!
Talvez ela devesse ter chegado lá com menos medo, com menos receio do que iria encontrar. Mas como? Era somente uma estranha no ninho! E dançava loucamente, esperando nada mais que se divertir.
Aquela que nunca teve um homem na sua vida. Aquela que sempre sonhou em ter um romance digno de filmes de amor como "O Morro dos Ventos Uivantes"... Mas no fundo ela sempre achou essa merda de livro um romance de personagens muito egoístas, muito... românticos no sentido do século XIX.
Então eles sempre quiseram pertencer um ao outro? Sempre foi isso? Como ela se perdera assim, desse modo, desse tal cara estranho que chamou a atenção dela, só que ela não teve coragem pra se aproximar? Ou se deixar aproximar... Bem, essa é uma longa história, não muito interessante... Ela ouvira algo, e a partir desse dia, aliás, dessa
noite, não mais investiu para com esse cara estranho e extremamente chamativo. O que ela ouvira? Que ele já havia beijado uma menina que seria amiga dela em breve, posto que ela ainda não a havia conhecido. Mas, então, você pode estar se perguntando por que ela não simplesmente ignorou isso tudo e seguiu em frente com seus planos. Não, ela era assustada, ela não tinha informações... Lembrem-se: ela é aquela que nunca teve um homem, e só teve um - que, aliás, não foi nenhum pouco interessante nem válido. Afinal, o cara só deixou-a toda babada. Foi traumatizante, ela sempre disse isso.
Então ela foi em outra festa, perto do local onde ela e esse cara estranho se conheceram. Conheceu outro cara. Também interessante. Pelo menos, o que parecia. Ela resolveu conversar com ele. Eles conversaram por horas a fio, até que resolveram ir embora. Eles não se beijaram nem nada. Ambos, ela e esse segundo cara, eram muito lerdos pra um dar em cima do outro abertamente.
A partir desse fato, ela passou a desenvolver sentimentos por esse cara, pensou realmente que ele também estivesse a fim dela, mas só não tivessem tido coragem pra admitir um pro outro. Até que um dia ela resolveu falar de seus sentimentos para ele. Decepção: ele nada quis admitir e pediu um prazo - prazo esse nunca cumprido.
Ela passou mais um tempo esperando que disso saísse algo bom, que disso saísse algo que ela chamasse de amor pra vida toda. Bem, até hoje ela acha um pouco isso, mas com menos, muito menos, perseverança do que antes. Na realidade, ela sente que não há mais nada dele em seu coração. E acredita que seja melhor assim.
Mas como isso foi acontecer? Como ela conseguiu superá-lo? Bem... o primeiro cara voltou a conversar com ela. Na realidade, eles realmente se conheceram. E foi tudo muito intenso. Por volta de três semanas, três semanas bastaram, de uma convivência totalmente intensa - não ao vivo, mas virtualmente, infelizmente. E ela realmente acreditou que eles poderiam se reencontrar, reacender aquilo que foi apagado por uma incerteza, mas mesmo assim ela só teve real certeza disso depois de falar com a menina que, agora sua amiga, um dia perguntou de seu coração. Ela disse o que pensava. E a amiga também. E ela teve seu coração reconfortado: nenhum problema havia, e ela tinha todo apoio.
Então ela realmente tentou achar uma forma de mostrar que estava interessada, que estava dando em cima mesmo. Coisa, aliás, que ela não é nada boa - paquera e flerte. É difícil pra ela tudo isso. Mas ela acredita que até que conseguiu, por conta das suas vivências tão intensas nesses seis meses longe de casa. Ela realmente havia mudado, havia ficado mais corajosa. E corajosa a ponto de admitir seus sentimentos sem medo de levar uma facada bem no meio de seu peito.
Mas mais uma decepção... ela havia demorado demais, e o lugar que talvez tivesse sido reservado pra ela foi preenchido por outra pessoa, alguém que ela nem conhece e nem pretende conhecer para não sofrer mais. E soube disso enquanto pensava verdadeiramente que ele estava também a fim dela. Não foi fácil, mas ela conseguiu se recuperar um pouco desse choque.
Enfim... Agora ela ainda está perseverante, apesar de tudo dizer pra ela que não, que não é bem isso, que esse cara estranho está em outra, talvez nunca volte a ficar na dela... Mas ela ainda espera...
Isso nada mais é do que reflexo da natureza teimosa dela. Sim, ela era muito teimosa, e, digamos assim, perseverante. O que é uma besteira, e ela sabe disso. É inútil, e ela sabe disso.
O que é inútil? Isso que ela está escrevendo! Porque mesmo que o cara extremamente chamativo e interessante que ela conheceu, e acha que desenvolveu sentimentos por ele, leia isso tudo, nada vai mudar o status em que ela está. Sim, vocês devem imaginar qual seja. É o status em que ela sempre se encontrou. Sempre. E está cheia, está farta de
amigos dizendo como ela é uma pessoa incrível, charmosa, inteligente, interessante, agradável e boa companhia, sendo que ninguém - absolutamente ninguém - tem a coragem de chegar nela e dizer: "Poxa, você vale a pena! Quer sair comigo? Eu quero você na minha vida agora!"
Por quê? Por que é tão difícil pra esses caras admitirem o que sentem? Persistirem em algo? Bom, pelo menos persistir como ela persiste. Mas ela sabe que isso tudo é besteira, que no fim das contas, os defeitos dela vão se sobressair às qualidades e, mesmo que alguém chegue a esse ponto, esse alguém vai embora e vai se decepcionar.
Bom, não sei... É tudo isso o que eu tenho pra falar dela. Tudo o que ela queria por pra fora há certo tempo já. Tudo o que o coração dela pedia pra extravasar.
Você leu? Se identificou? Será?
Se sim, o que você está esperando? O que mais? Que eu diga com todas as letras EU ESTOU A FIM DE VOCÊ? Que eu quis ficar com você também? O que mais? Sim, eu peço desculpas por não ter percebido nada... Mas, o que eu podia fazer...?
Eu sei bem, posso perder sua amizade por isso... mas, convenhamos... Isso nunca começou como um desejo de amizade... De ambos os lados.
Você ainda está mal? É...? Eu não me importo se isso levar tempo. Você vai se curar. Pelo menos, se depender de mim você vai se curar rapidinho. ^^
Alguém me disse que a melhor coisa pra curar um amor que se acabou é um novo amor. Sei que isso (isso de falar em
amor) é exagero, mas isso funciona. Olha o que aconteceu comigo!
I've already told you - you haven't seen
anything yet!
Get ready for me, love, 'cause I'm a "comer". Not as fast as you think, but I am. I think I turned myself into this.
;*
PS: você me faz bem. Eu nunca admiti isso, mas estou admitindo agora. Aliás, porque eu nunca tinha parado pra prestar atenção, pra te conhecer de verdade. Eu posso estar fazendo a maior burrada da minha vida nesse momento, mas eu precisava dizer tudo isso.

~*~
"Mesa de Saloon" - Matanza.


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segunda-feira, 4 de julho de 2011

E agora?

"Agora quando ela conta que vai conseguir eu estou supondo que ela tenha preferido apenas esquecer se contendo para não ficar sentimental. Disse que não iria mas, apesar disso, ela foi"
(tradução aproximada de um trecho da música "Fluorescent Adolescent")

O que você faz quando chega a um impasse? Admira-se com ele? Tenta arrumá-lo? Tenta outras estratégias para vencê-lo ou mesmo para superá-lo? Tenta decifrá-lo?
Eu não sei mais o que fazer. Como já disse outras vezes, quando se chega aos sentimentos eu me perco, confundo-me demais, e sempre sinto. E muito. Coisas até que talvez não deveria sentir.
Mas... eu conseguiria viver de forma fria? Não querendo nada além de ler milhões e milhões de livros, desenvolver teses, defendê-las, e viver nesse mundo das ideias (que também me interessa, diga-se de passagem), ao invés de sentir cada coisa? Em vez de querer, por exemplo, saber que alguém me ama em retorno?
Não. Eu não escolheria isso. Ser frio é pra quem, na minha opinião, desiste de viver. Ser frio não é uma coisa boa... Eu pelo menos penso assim. Desculpem-me os frios, mas é o que eu acho!
Acho que é necessário que exista qualquer coisa de loucura, de sentimento, de demonstração das emoções numa relação - seja ela qual for, mas principalmente na amorosa.
Talvez por isso eu tenha muitos problemas... São muitos sentimentos de intensidades muito grandes pra certas coisas que talvez não sejam da mesma dimensão que as sinto... Entendem?
Acho que isso não é demonstrável nem definível, mas é o que eu sou: um emaranhado de sentimentos com algumas pinceladas de razão. A razão, inclusive, quando vence, tende a render-se aos sentimentos. Mas fato é que meus sentimentos pedem ajuda da razão - e isso eu pude notar muuito bem. Principalmente por esses tempos.
Fato é que, como diz a música "Best of you", "my heart is under arrest again", mas não sei se deveria... Deveria? Será que disso sairá algo bom?
Eu não sei... Já avisei: quando sinto algo, sinto-o apaixonadamente, até às últimas consequências. Posso até não demonstrar, mas que há um tremor, há um receio de não dar certo, há.
Dará certo? Não sei. Talvez alguém possa responder, mas esse alguém não sou eu. E tampouco acho que vá responder. Infelizmente, perdemo-nos um do outro no início desse ano. Sim, foi recíproco. Sim, em dias diferentes, mas foi recíproco. Sempre foi, eu acho. Mas hoje estou confusa. Será ainda recíproco? Da minha parte, nada mudou. Nada mesmo. Tenha certeza disso. Desde o dia 21 de fevereiro de 2011... Aliás, noite dessa data.
Não é preciso que seja já... Não tenho pressa... Afinal, o que vem fácil quando se cava por ouro? ;)
~*~
Música:
"Fluorescent Adolescent"
- Arctic Monkeys.


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sábado, 2 de julho de 2011

"Don't you remember"

When will I see you again?
You left with no goodbye, not a single word was said
No final kiss to seal anything
I had no idea of the state we were in.

I know I have a fickle heart and bitterness
And a wandering eye, and a heaviness in my head

But don't you remember, don't you remember?
The reason you loved me before,
Baby please remember me once more.

When was the last time you thought of me?
Or have you completely erased me from your memories?
Cause I often think about where I went wrong
The more I do, the less I know.

But I know I have a fickle heart and bitterness
And a wandering eye, and a heaviness in my head.

But don't you remember, don't you remember?
The reason you loved me before,
Baby please remember me once more.


I gave you the space so you could breathe,
I kept my distance so you would be free,
I hope that you find the missing piece
To bring you back to me.

Why don't you remember, don't you remember?
The reason you loved me before,
Baby please remember you used to love me.
When will I see you again?
~*~
Música:
"Don't you remeber" - Adele.
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© 2011 Sempre no coração, haja o que houver..., AllRightsReserved.

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