"Há tantos anos me perdi de vista que hesito em procurar me encontrar. Estou com medo de começar. Existir me dá às vezes tal taquicardia. Eu tenho tanto medo de ser eu. Sou tão perigoso. Me deram um nome e me alienaram de mim." - Clarice Lispector.

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Questionamentos...

Muitas questões na vida são difíceis de processar e engolir. A trajetória do viver e ser é uma trajetória muito complicada e cheia de pegadinhas, não é mesmo? Mas ainda assim precisamos tentar ver o lado bom das coisas, se algo ruim acontece é preciso ver o que aprendemos com aquilo e encarar que o aprendizado que tivemos é algo bom, certo? Bom, não sei se sinto isso hoje. 
Sabemos que amizades vêm e vão, e algo sempre acaba no fim. Também sabemos que alguns nunca se vão. Mas o que fazer quando alguns muito queridos se vão de nossas vidas e nós ficamos pensando que poderia ter feito diferente? Ter mudado algo? E quando você percebe isso, mas é tarde demais para tentar algo que mude a situação atual? É só o tempo que tem que agir, então? Eu não sei... Novamente, questões que nunca responderei talvez...
Eu acredito que o mais bonito numa amizade verdadeira é ver os processos de cada um: como cada um mudou, o que cada um manteve... e ainda assim continuar amigos! Sem deixar de, é claro, "puxar orelhas" e dar conselhos quando necessário! Isso é lindo... Por tudo o que já vivi, acredito que isso sim é o que é a amizade... Anos passarem, distâncias se impuserem, pessoas entrarem no meio, mas nada mudar... o sentimento permanecer o mesmo, e a vontade de se ver, de se viver, ser a mesma sempre!
Relacionamentos... Não que eu seja a expert nisso, na verdade estou longe disso, mas eu creio que são difíceis, sejam eles quais forem... Ainda mais quando começam de uma forma e vão caminhando pra outra forma... Sabe aquilo que disse que acho que é lindo na amizade? É a mesma coisa no relacionamento. Acho lindo quando casais, mesmo depois de 7 anos ou mais, conseguem sentir pelo outro exatamente aquilo que sentiam anos atrás: aquele frio na barriga quando sabe que vai encontrar a pessoa, aquele frio na espinha de quando está perto da outra, não conseguir não pensar na outra pessoa... coisas assim que nos deixam tão bobos-alegres no começo e que, de alguma forma, pra muitos, vai se acabando... Aquelas declarações de amor do nada, aquele gesto que demonstra "eu não estou dizendo, mas eu te gosto muito, viu?", aquele elogio inesperado e sincero... Tudo isso falta muito, tudo isso deixa a relação humanizada, não-fria, entendem?
Esses dias me peguei me perguntando essas coisas... se eu ainda sentia isso... e fiquei preocupada em perceber como me acostumei a não ter tudo isso, entendem? Isso não é normal! Quem tem coração que sente as coisas como eu sinto não deveria se acostumar a uma coisa assim! É em momentos assim que me lembro como me sentia lendo Álvares de Azevedo, e como isso me fazia me sentir bem, e fico revoltada com o fato de não sentir mais isso, não sentir mais essas emoções tão sutis e tão lindas! Pra onde foi tudo isso? Em que momento me perdi de mim e não me encontrei? Será que é tarde demais para recuperar essa parte de mim? Por onde começo? 
Esse tipo de pergunta me mata por dentro... porque sei que a culpa é só minha! Eu me perdi de mim mesma e preciso recuperar a mim mesma... Você viu um trechinho de "mim" por aí? 
"Voltai, sonhos de amor e de saudade!
Quero ainda sentir arder-me o sangue,
Os olhos turvos, o meu peito langue...
E morrer de ternura!" - "Trindade", Álvares de Azevedo.
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"Maurício" - Legião Urbana.

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