"Há tantos anos me perdi de vista que hesito em procurar me encontrar. Estou com medo de começar. Existir me dá às vezes tal taquicardia. Eu tenho tanto medo de ser eu. Sou tão perigoso. Me deram um nome e me alienaram de mim." - Clarice Lispector.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Viki - o nascimento.

Quando se tem que passar de um cômodo claro a outro desprovido de luz à noite, enquanto todos dormem,, é preciso que você entre nesse cômodo e fique lá. É preciso se acostumar à falta de iluminação do local, aprender a enxergar o que de cara não era visível. Depois de um certo tempo olhando, as pupilas se dilatam e é possível enxergar um pouco mais naquela escuridão toda. É possível ver formas, contornos, alguns objetos que você pensava não estarem iluminados por luz alguma, mas que você descobriu que refletem um pouco a luz do cômodo iluminado.
Você, enfim, se acostuma à escuridão. Aprende a caminhar nela e consegue pegar exatamente o que queria, o que estava procurando - aquele copo perto do bebedouro, param matar sua sede habitual das 2h da manhã.
Depois de se saciar, você percebe que a volta é difícil. Tem medo de ser cegado pela luz que emana do cômodo ao lado. Sabe que precisa sair dali, mas não quer. Oras, já se acostumou ao novo ambiente, por que correr o risco de cegar a si mesmo só para voltar ao lugar de onde veio? Isso seria burrice. 
O caminho feito até aqui foi esse. Não vou sair daqui. Pelo menos até que a luz tome conta de ambos os cômodos com o nascer do sol. Foi assim que de uma detetive fanática pela justiça eu me tornei quem sou: Viki.

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