"Há tantos anos me perdi de vista que hesito em procurar me encontrar. Estou com medo de começar. Existir me dá às vezes tal taquicardia. Eu tenho tanto medo de ser eu. Sou tão perigoso. Me deram um nome e me alienaram de mim." - Clarice Lispector.

domingo, 15 de maio de 2011

"You just might get it all and get something you don't want..."


Por que andava sozinha numa noite de frio? Porque tinha um propósito. Ela pretendia encerrar de uma vez por todas um assunto inacabado. E este deixava-a muito alterada: nervosa, impaciente, desesperada, triste, angustiada... Mas será que conseguiria resolvê-lo? Será que somente nessa procissão ela conseguiria achar forças para encarar seu problema de frente e, finalmente, acabar com seu desespero?
Sinceramente, ela acreditava que não. Ao invés disso, acreditava que ir até lá só a faria sofrer mais do que já sofria, pois em seu coração ela já sabia a resposta...
Chegando ao destino previsto, ela ficou em frente ao portão, analisando casa grade, cada planta, como se fossem julgá-la mal por ter ido até ali numa hora daquelas.
- Sua louca varrida! Vá embora daqui! O que você espera encontrar aqui dentro? O amor da sua vida? Rá-rá-rá! Está muito longe disso! Aqui só há decepção pra você! - disse num sussurro assustador a árvore em frente à casa dele.
Segurando forçosamente o choro que lhe veio, ela respirou fundo, passou as mãos frias no rosto e apertou a campainha.
Durante vinte minutos, vinte longos minutos, ela esperou no vento frio, praguejando contra Deus, seu coração, sua cabeça, suas vontades estranhas e totalmente sem razão nem sentido e, principalmente, contra a maldita hora em que foi falar de seus sentimentos. "Eu já deveria ter aprendido. Tantas vezes disse o que eu sentia e só o que recebi em troca foi isso: indiferença. Eu já deveria ter aprendido, droga!", pensava enquanto esperava.
Não mais querendo esperar, virou-se para ir embora e nunca mais sequer olhar nos olhos dele. Quando o fez, ouviu o portão se abrir e se virou para lá.
Era ele. Tinha feições de surpresa e um pouco de raiva. Ela gostaria que pudesse ler pensamentos para poder saber o que ele pensava, mas isso mesmo seria inútil. De que adiantaria saber seus pensamentos se seus sentimentos ela não descobriria?
- Oi. Você está bem? Já está muito tarde e muito frio aqui fora... Quer falar comigo? Quer entrar? - ele perguntou, educado como sempre.
Ela estremeceu ao ouvir o convite. Era certo que não estava bem, isso era visível. Era certo, também, que estava tarde e ela passava frio, mas não queria entrar: não poderia sair correndo caso precisasse.
- É... Você poderia ir caminhar comigo um pouquinho? É que eu precisava muito falar com você sobre um assunto meio delicado... - ela disse, nervosa como sempre ficava ao falar com ele.
O rapaz, como sempre fazia, analisou a situação por uns pequeníssimos instantes. Por fim, voltou para trancar a porta da frente de sua casa e trancou o portão atrás de si.
- Tá bom. Vamos? - disse ele, indicando o caminho com a mão.
A princípio ela não falou o que queria, mas eles conversaram longamente por cerca de uma hora sobre assuntos diversos: política, religião, música, costumes, pessoas, piadas, sites de entretenimento, blogs de humor, História... Nesse meio tempo, ela tentava acalmar e dizer ao seu coração que aceitasse a resposta que ela já esperava. E, diga-se de passagem, já sabia a resposta porque eram evidentes as possíveis respostas: ou ele já teria alguém em seu coração ou não queria ter alguém em seu coração - ou, ainda, não queria tê-la em seu coração.
Chegaram já perto da casa dele novamente. Ele, como que acordando de um sonho, virou-se para ela:
- Então... Era isso que você queria falar? Já está meio tarde e eu pretendo ler amanhã cedo...
- Não... É... Eu queria te perguntar uma coisa, mas eu tenho medo da resposta. Mas, enfim, responda o que quiser - e com muita sinceridade - ela atropelava-se em seus pensamentos e palavras.
- Hm. Tá - ele respondeu, assentindo com a cabeça.
Ela disse novamente o que sentia e disse, ainda, que estava agoniada com a situação em que estava. Entendia a demora dele, pois cada um tem seu tempo de fazer as coisas, mas ela estava muito mal com a espera. Ela preferia que ele não tivesse deixado esperanças a deixá-la nessa espera incessante. Não era nada contra ele, mas sim uma coisa que era dela, algo que ela precisava resolver e já.
- Você consegue me dar uma resposta agora, você está pronto pra me responder? Se não estiver, eu vou entender... Eu vou tentar ser menos impaciente... - ela disse, por fim.
Ele analisou a situação. Diria ou não diria a verdade dos fatos? Colocaria-a a par de seus sentimentos e propósitos ou não?
Ele pensou por alguns instantes, instantes esses que pareceram a ela uma eternidade.
- Você sabe a resposta. Você percebeu. Eu não preciso te falar nada. - ele disse, com tom grave.
- Eu não sei a resposta. Se soubesse, não estaria aqui. Ou melhor - eu quero ouvir de você, por favor.
- Tá bom. Eu vou entrar. Tchau. - ele disse, dando um beijo no rosto dela e abrindo o portão da casa dele.
Ela ficou estática e boquiaberta na rua. Estava pasmada com a atitude dele. Não sabia julgar se era ruim ou boa, mas era certo que ficara numa mistura de ódio e esperança aterrorizadora.
Assim que ele entrou pela porta, ela saiu correndo para sua casa. Não parou até chegar ao portão.
Não chorou. Não gritou. Não fez alarde de seus sentimentos. Somente trancou-se em seu quarto e lá ficou.
Triste. Indecisa. Confusa. Assustada. Porém, ainda esperançosa. Ainda, apesar de tudo.

Mariana Rodrigues Costa,
14/05/2011,
Sábado,
12:35.

~*~
Música:
"Home" - Daughtry

1 comentários:

CU-Comentarista Unico= Rhenan disse...

Aglomerado Einsteiniano:

Interpret como quiser:

*Se, a princípio, a ideia não é absurda, então não há esperança para ela.

_`Do q adianta amar se o amor naum for um absurdo de notabilidade tanto para os olhos de quem estao envolvidos quanto os das pessoas q nem se importam para tal sentimento. Sendo um absurdo, podemos provar matematicamente q a ideia naum existe. mas eh incrivel q os sentimentos em geral saum absurdos q existem, q naum saum tranmitiveis mas causam diversas mudanças. estranho naum?

*Se os fatos não se encaixam na teoria, modifique os fatos.
A teoria eh de q cada panela tem sua tampa.... portanto se os fatos naum se adequam a isto, MUDE OS FATOS!!!!, MUDE o sujeito da sua oração, se quiser pode ateh deixá - lo como Oblíquo!

*No meio da dificuldade encontra-se a oportunidade.
_ Em Assis eh frio tbm?pq no meio do frio naum tentou se agasalhar?(PEQUENAS OPORTUNIDADES, MUDAM O PERCURSO DA SUA HISTÓRIA)

*Penso noventa e nove vezes e nada descubro; deixo de pensar, mergulho em profundo silêncio - e eis que a verdade se me revela.

Portanto deixe a menina pensar sozinha no quarto dela q ela encontrara o caminho.

*Não tentes ser bem sucedido, tenta antes ser um homem de valor.
_Ama-te primeiro pra poder ser amada.

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